Está aqui

Autarca iraniano demite-se por ver recital de dança com meninas

Mohammad Ali Najafi, presidente da câmara de Teerão, capital do Irão, apresentou a sua demissão após ter recebido inúmeras críticas por assistir a um recital de dança com meninas de nove anos, celebrado em ocasião do Dia da Mãe iraniano.
Autarca iraniano demite-se por ver recital de dança com meninas
Representantes religiosos acusaram as crianças que participaram no recital de dança de "incitar ao desejo" com "movimentos atrozes". Foto de YouTube.

O presidente da Câmara da capital iraniana, Mohammad Ali Najafi, considerado um reformista no país, demitiu-se após as críticas de um líder religioso conservador. As críticas surgiram por o presidente ter marcado presença num recital de dança com raparigas e pelo aparecimento nas ruas da capital de cartazes que celebravam os feitos das mulheres do país.

Em causa está o facto de Mohammad Ali Najafi, um apoiante do Presidente moderado Hassan Rouhani, eleito em 2017, ter assistido a um recital de dança em que seis crianças do sexo feminino dançavam por ocasião do dia iraniano das mães. A dança de mulheres em público é proibida no país, onde meninas maiores de nove anos são consideradas adultas de acordo com a lei religiosa.

Segundo o New York Times, o vídeo do evento tinha suscitado críticas nos meios mais conservadores e a agência de notícias Fars descreveu mesmo o recital como sendo uma “celebração da indecência”.

As críticas mais duras vieram do imã Ahmad Alamolhoda, que qualificou o recital como uma ofensa religiosa, acusando as crianças de "incitar ao desejo" com "movimentos atrozes".

Mohammad Ali Najafi argumenta que lhe foi dito que as crianças eram menores de nove anos, o que afastaria a hipótese de violação da lei islâmica. No entanto, e sob o peso das críticas, admitiu que "teria sido melhor que aquela parte do número não tivesse acontecido", segundo o citado pelo site de notícias Entekhab.

A demissão acontece também poucos dias depois de Najafi ter ordenado a afixação de vários cartazes nas ruas da capital em que eram homenageadas mulheres que se destacaram na sociedade iraniana e que quebraram barreiras ao nível da igualdade de género.

A afixação dos cartazes tinha provocado reacções díspares nas redes sociais, como relatou a BBC. Alguns iranianos elogiaram a iniciativa, afirmando que esta “ajudará as mulheres a aumentarem a sua auto-estima”. Outros desvalorizaram a campanha, reduzindo-a a um mero número publicitário perante a ausência de acções concretas para promover os direitos das mulheres iranianas.

Recentemente, várias mulheres protestaram contra a obrigatoriedade do uso do hijab, retirando-o em público e divulgado as imagens do acto nas redes sociais. Os protestos levaram a várias detenções e resultaram já na condenação de uma mulher a dois anos de prisão.

Termos relacionados Internacional
(...)