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Auditoria à gestão da Caixa tem de chegar “o mais depressa possível” ao parlamento

A auditoria independente às administrações do banco público entre 2000 e 2015 mostra como a concessão de créditos com risco elevado gerou perdas superiores a mil milhões de euros. Bloco quer conhecer versão final do documento.
Foto de Paulete Matos.

"Já pedimos o relatório. Esperemos que ele chegue ao parlamento o mais depressa possível", afirmou Catarina Martins esta terça-feira aos jornalistas, reagindo à divulgação pública por parte da psicóloga e antiga deputada bloquista Joana Amaral Dias de uma versão da auditoria feita pela empresa EY à gestão da Caixa entre 2000 e 2015.

Esta auditoria foi feita a pedido do governo e na sequência de uma decisão da Assembleia da República. Ela mostra como as sucessivas administrações concederam créditos milionários contra a opinião da avaliação de risco sobre essas mesmas operações. Projetos ruinosos como a fábrica da antiga La Seda em Sines ou os investimentos de Manuel Fino em ações do BCP, abriram um buraco nas contas da Caixa avaliado em mais de mil milhões de euros.

Catarina Martins lembrou ainda que o Bloco de Esquerda ”empenhou-se muito para que as listas de devedores de todos os bancos que tiveram intervenção pública” fossem entregues ao parlamento.

“Não só da Caixa, mas de todos os bancos”, prosseguiu Catarina, sublinhando o contraste com as posições de PSD e CDS, que ao longo do processo procuraram evitar, sem sucesso, que os bancos privados resgatados com dinheiros públicos também fossem obrigados a revelar quem são os seus grandes devedores em incumprimento.

Respondendo diretamente a afirmações de Rui Rio, que acusara o Bloco de não querer saber dos grandes devedores da Caixa, a coordenadora bloquista recordou que "o PSD inicialmente tentou que só fossem conhecidos os devedores da CGD, mas na verdade os contribuintes portugueses também pagaram o BCP, o BPN, o Banif, o BES e portanto o que nós dizemos é que todos os bancos precisam de prestar contas, os devedores de todos esses bancos”.

A auditoria da EY abrange os mandatos de António de Sousa, Mira Amaral, Vítor Martins, Carlos Santos Ferreira, Faria de Oliveira e José de Matos à frente do banco público. Os gestores foram nomeados pelos governos de António Guteres, Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates e Passos Coelho. Segundo o Jornal de Notícias, o  atual governo, que pediu a auditoria, diz que deu instruções à administração da CGD, liderada por Paulo Macedo, para remeter o documento ao Banco de Portugal e ao Mecanismo Único de Supervisão do Banco Central Europeu, bem como a outras entidades judiciais, de inspeção, de supervisão ou em matéria tributária. Segundo o JN, que cita o Ministério das Finanças, o governo pediu ainda a Paulo Macedo para que "fossem efetuadas todas as diligências necessárias para apurar quaisquer responsabilidades", bem como "as medidas adequadas para a defesa da suituação patrimonial da CGD".

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