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Ativistas filmam racismo nas praias da Côte d’Azur
No último fim de semana de julho, cerca de uma dezena de ativistas do SOS-Racisme rumaram para as praias privadas da Côte d’Azur, a luxuosa zona costeira francesa. O seu objetivo não era o lazer mas detetar a presença de atitudes racistas nestas zonas balneares ricas.
Segundo conta o Le Monde, a missão começou na véspera da viagem. Aurore Barbier, uma jurista, explica que telefonou para várias das praias e que as vagas nelas variavam segundo o apelido que dava: “com um nome de ressonância africana, estavam cheias. Liguei dando um nome muito francês e, bizarramente, ainda havia lugares”. Era mais um indício de algo de que já suspeitavam: algumas destas empresas fazem seleção de acordo com a suposta origem racial dos clientes.
Para tirar a prova dos noves, o grupo deslocou-se aos próprios locais. O SOS-Racisme utiliza, desde os anos 1990, um método a que chama testing que consiste em criar situações em que se possa documentar a presença de atitudes racistas. Desta feita, na Côte d’Azur, apresentou três casais diferentes de jovens, um de “negros”, outro de “magrebinos” e outro de “brancos”, que iriam procurar alugar um lugar, uma espreguiçadeira e um guarda-sol, em cada um das praias. As situações seriam filmadas em telemóvel às escondidas.
Para além disso, a operação foi acompanhada por dois eleitos locais, Sonia Naffati da França Insubmissa e Saber Gasmi dos Verdes que serviram de testemunhas.
O que esperavam aconteceu. Em vários casos o casal racializado obteve a resposta de que não existiam lugares e, minutos depois, o casal branco conseguiu obter lugar facilmente. O SOS-Racisme denuncia na sua conta do Twitter que um terço das praias privadas de Juan-les-Pins e Antibes que foram testadas “praticam discriminação racial” e dois terços dos bares e discotecas de Marselha e Aix-en-Provence também “praticam uma seleção ilegal baseada na origem das pessoas que se apresentam às suas portas.” A organização irá apresentar agora queixas sobre o sucedido.
O presidente da organização comentou, segundo o Guardian, que “esta situação é o resultado de um claro fracasso das autoridades em proibir a discriminação racial”.
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