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Assembleia da Extremadura recusa receber Comissão de Ambiente do parlamento português

Movimento Ibérico Antinuclear acusa Blanca Martín Delgado de ter recusado receber Pedro Soares, Presidente da Comissão de Ambiente, para discutir a central nuclear de Almaraz, localizada na Extremadura.
Cortejo do Greenpeace numa manifestação pelo fecho de Almaraz, em junho de 2016
Presidente da Assembleia da Extremadura recusa-se a receber presidente da Comissão de Ambiente da Assembleia da República portuguesa para discutir a central nuclear de Almaraz e a construção do armazém temporário individualizado na mesma.

Em comunicado de imprensa, o Movimento Ibérico Antinuclear (MIA) censura a atitude de Blanca Martín Delgado, do PSOE e presidente da Assembleia da Extremadura, no Estado espanhol ao ter recusado receber Pedro Soares, deputado do Bloco e presidente da Comissão de Ambiente da Assembleia da República portuguesa. Iriam discutir a central nuclear de Almaraz, localizada na Extremadura, e a construção do armazém temporário individualizado (ATI) na central, mas a presidente da Assembleia justificou-se afirmando que o tema não é das suas competências.

Em declarações ao esquerda.net, Pedro Soares afirmou que "já bastaram décadas em que as ditaduras impuseram que os nossos povos vivessem de costas voltadas. Quando há um problema para resolver temos de dialogar. É o caso da central nuclear de Almaraz, na Extremadura, a poucos quilometros da fronteira e na margem do Tejo, que já passou o prazo inicialmente estipulado de funcionamento e constitui um risco cada vez mais elevado".

"Sabemos que no Parlamento autonómico da Extremadura há vontade de estabelecer esse diálogo com Portugal e por isso não entendemos a resposta da sua presidente. Compreendemos que as pressões das elétricas espanholas devem ser enormes, mas os parlamentos têm autonomia e legitimidade suficientes para as enfrentar quando é necessário fazê-lo", prossegue Pedro Soares.

"A Endesa, Iberdrola e Fenosa recusaram prestar esclarecimentos à Assembleia da República. A presidente do Congresso de Deputados espanhol proibiu a vinda de deputados espanhóis a Lisboa. Agora a presidente da Assembleia da Extremadura rejeita um encontro com parlamentares portugueses. No mínimo constitui uma atitude pouco dialogante e que não contribui para que o caso de Almaraz seja abordado pelas autoridades espanholas com abertura e transparência", conclui o deputado bloquista.

"Trata-se de uma falta de cortesia de primeira ordem e demonstra uma má vizinhança entre Portugal e a Extremadura. Lamentamos que, para a presidente da Assembleia, a proteção dos interesses nucleares esteja à frente da boa vizinhança entre a Extremadura e Portugal", afirma o MIA em comunicado.

"A recusa desta reunião é deplorável e mantém a noção de não se questionar os interesses da central de Almaraz, ainda que isso traga um enfraquecimento das relações com Portugal", explica o MIA. "É verdade que a Extremadura não tem competências sobre energia e, portanto, sobre a central de Almaraz, mas tem-nas sobre o meio ambiente, claramente afetado pela central e por planos futuros que esta tenha, como a construção de um ATI", explica o movimento ambientalista.

A atitude de Blanca Martín Delgado contrasta, explica o MIA, com a demonstrada no passado dia 14 de março, quando recebeu o Embaixador de Israel. "Não percebemos que competências tem o parlamento da Extremadura nesse caso", concluiu o comunicado.  

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