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Argentina: dezenas de milhares voltam às ruas em defesa da justiça social

A “economia popular” argentina, vários movimentos sociais e partidos de esquerda saíram às ruas no dia de San Cayetano, patrono do trabalho, para exigir trabalho, habitação e rendimento condigno para toda a gente.
Dezenas de milhares de pessoas nas ruas de Buenos Aires este sábado. Foto do Twitter.
Dezenas de milhares de pessoas nas ruas de Buenos Aires este sábado. Foto do Twitter.

Dia santo, dia de luta. Este sábado celebrou-se na argentina o dia de San Cayetano, patrono do trabalho. A efeméride foi aproveitada por dezenas de milhares de pessoas para defender “terra, teto, trabalho e salário universal”, uma forma de rendimento mínimo, num país com 42% da população, 19 milhões de pessoas, abaixo do limiar da pobreza em 2020 e com uma taxa de desemprego de 10,2%.

Em Buenos Aires, a marcha começou na igreja consagrada a este santo e foi até abençoada por dois bispos, Juan Carlos Ares e Oscar Ogea . Dirigiu-se depois, como habitualmente nos protestos na capital argentina, à Plaza de Mayo. Esta ação foi encabeçada pelos trabalhadores da “economia popular”, ou seja trabalhadores das cooperativas e fábricas auto-geridas, dos movimentos de apoio a desempregados e de auxílio alimentar e pequenos produtores, mas juntou igualmente vários outros movimentos sociais e partidos de esquerda.

Daniel Menéndez, coordenador do Somos – Barrios de Pie, declarou ao jornal argentino Página 12: “esta é a mesma multidão que manteve as cantinas comunitárias e as políticas sanitárias nos bairros humildes”.

A partir do palco, Esteban Castro, dirigente da UTEP, União dos Trabalhadores da Economia Popular, sintetizou o que pensa estar em jogo depois de quatro anos de neoliberalismo sob a presidência de Macri e agora de pandemia: “na Argentina estão em disputa dois modelos de país. Um é o modelo da globalização neoliberal que arrasou com os direitos dos trabalhadores. O outro é um projeto mais integrador, industrializador, do qual gostaríamos de fazer parte, mas que sabemos que continua a conter-nos, que ainda não nos abraça. É um modelo melhor mas no qual também não temos trabalho. Necessitamos fazer essa discussão para que o processo de criação de outros trabalhos, que tem vindo a fazer a economia popular, se aprofunde”, disse, vincando diferenças com a presidência de Alberto Fernandez.

Nesse sentido, aprovou-se simbolicamente um documento que critica que há “pouco emprego e de pouca qualidade” porque metade dos trabalhadores “sobrevivem com salários inferiores ao limiar de pobreza” e que justifica a ideia da “salário básico universal” com os argumentos de que “todos e todas contribuímos para a riqueza social”, portanto, “todos merecemos um patamar mínimo rendimento” e de que “a Argentina tem capacidade de fazê-lo”. A proposta, que pretendem ver aprovada no Congresso, é de um rendimento mínimo garantido, ligado à cabaz alimentar básico e que calculam poder vir a chegar a nove milhões de adultos, muitos trabalhadores do setor informal.

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