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Área Metropolitana de Lisboa é a que mais segrega alunos de origem imigrante

Estudo que analisou as escolas de 93 concelhos conclui que alunos de origem imigrante apresentam resultados escolares significativamente inferiores aos alunos de origem portuguesa e são alvo de segregação pela forma como estão distribuídos pelas escolas e pelas turmas.
Foto de Paulete Matos

Um estudo realizado pelas faculdades de Economia e de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, apresentado esta quinta-feira, conclui que alunos de origem imigrante apresentam resultados escolares significativamente inferiores aos alunos de origem portuguesa e são alvo de segregação pela forma como estão distribuídos pelas escolas e pelas turmas.

O estudo, ao qual o Jornal de Notícias (JN) teve acesso, foi promovido pela Associação EPIS – Empresários Pela Inclusão Social, e analisou a distribuição dos alunos das escolas do terceiro ciclo do ensino básico de 93 concelhos, em cujo registo escolar consta a indicação de naturalidade estrangeira. Com base nestes dados calcularam o índice de segregação por concelho e por escola.

Os autores do estudo concluíram que quase um quarto (23%) dos 93 concelhos analisados apresentavam valores “elevados de segregação”, sobretudo na Região Metropolitana de Lisboa. Além disto também foi calculado o índice de segregação para as 404 escolas de Portugal Continental. Este índice, que permite verificar como estão distribuídos os alunos imigrantes entre turmas de uma mesma escola, revelou que um terço das escolas nacionais (34%) segregam os seus alunos.

“Alunos com mais dificuldades são colocados ao lado de outros com iguais problemas”

Em declarações ao JN, o investigador Luís Catela Nunes, refere que o estudo encontrou casos de escolas em que a segregação ronda os 50%. "O que parece acontecer nestas escolas é que alunos com mais dificuldades são colocados ao lado de outros com iguais problemas, perpetuando a segregação" revela o investigador.

As dificuldades para os alunos migrantes começam cedo, em particular para os alunos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Os dados do desempenho no primeiro ciclo mostram que estes alunos têm taxas de reprovação superiores.

O estudo aponta que os resultados escolares dos alunos são os culpados pela segregação, mais que os fatores de desigualdade económica. Tomando como exemplo a disciplina de Matemática, nos exames do sexto e nono ano, se cerca de 50% dos alunos de nacionalidade portuguesa obteve positiva, apenas 40% dos alunos dos PALOP conseguiu obter positiva no exame do sexto ano, valor que desceu para menos de 20% no exame do nono.

A Região Metropolitana de Lisboa é a zona do país que regista a maior concentração de concelhos com níveis de segregação elevados e também as escolas com os valores mais altos de segregação de alunos com origem migrante.

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