A proposta de iluminar o edifício da Câmara Municipal do Porto com as cores da Palestina foi aprovada esta segunda-feira na reunião do executivo. No dia 3 de junho, a maioria de direita tinha chumbado uma proposta semelhante mas agora o movimento de Rui Moreira mudou de posição. Para além disso, propôs que junto com as cores da Palestina fossem projetadas as do Líbano também.
No final da reunião, o presidente da autarquia, Rui Moreira, justifica esta alteração do sentido de voto com “várias coisas” que terão mudado, desde as deliberações do Tribunal Penal Internacional que emitiu o mandado de captura contra Netanyahu à forma como a proposta teria sido apresentada.
O vereador do Bloco, Sérgio Aires, contrapõe que a sua proposta “não era tão diferente assim daquela que foi chumbada” anteriormente mas “o tempo é que é outro” e isso “acabou por fazer com que a sensibilidade das pessoas mudasse”.
O ato simbólico, contudo, só deverá ser concretizado em janeiro próximo já que, segundo Moreira, as iluminações de Natal instaladas retiram condições técnicas para isso.
À direita não houve, porém, consenso. Uma das vereadoras do movimento Rui Moreira, Catarina Araújo, votou contra, assim como os vereadores do PSD, justificando que “não devemos polarizar” (sic) e invocando ainda o “custo”. Este partido já tinha votado em maio contra a projeção das cores do arco-íris no cimo da Avenida dos Aliados para marcar o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.
Para além de ser uma “manifestação de solidariedade com o povo palestiniano”, a proposta do Bloco era também de “apoio às preocupações legítimas levantadas pelos cidadãos” na sequência dos episódios de violência contra defensores da causa palestiniana e da expulsão da Assembleia Municipal do Porto de uma das pessoas que aí foi defender que deveria haver mais segurança para participantes nas vigílias pela paz.
Na reunião, foi também aprovada por unanimidade a proposta da CDU de “adoção das medidas necessárias à salvaguarda da segurança dos cidadãos que, pacificamente, exercem” o direito à manifestação. Rui Moreira garante que já tinha pedido à Polícia Municipal para fazer ligação com a PSP de forma a tomar medidas “adequadas” de proteção mas Sérgio Aires nota que até à véspera da reunião “ainda não tinha acontecido nada”, não havendo mais vigilância na vigília diária em frente à câmara.
Porto
Bloco considera expulsão da Assembleia Municipal uma atitude “anti-democrática”
O mesmo reiterou Isabel Oliveira, a cidadã que tinha sido expulsa da reunião da Assembleia Municipal por ter levantado este assunto e que nesta segunda-feira regressou ao órgão para afirmar que “a vigília tem-se mantido desprotegida mesmo debaixo desta Câmara”.
Até ao momento, sublinha, “não se visionaram polícias” nestas vigílias. Para além disso, “assusta saber que a PSP nega ter queixas de lesados quando elas existem e se multiplicam”.
A mesma munícipe saudou a decisão de projeção das cores das bandeiras palestiniana e libanesa na Câmara, ressalvando que “chega tarde e não é suficiente” e que “no momento em que milhares de vidas estão em risco precisamos de mais do que símbolos”.