Está aqui

Animais em crise

Ideias peregrinas está este governo farto de vomitar para fora dos seus gabinetes, que estão por cima das nuvens num mundo qualquer que não o nosso. No mundo deles, cabem sempre mais alunos numa sala de aula, degradando o ensino e a forma como as aulas decorrem, no entanto mais de dois cães num apartamento já é um abuso. Artigo de Diogo Parreira

Já que este governo quer fazer algo em relação aos animais eu tenho aqui umas propostas:

- Acabe com os fundos para a tauromaquia, que no caso da Ilha Terceira, nos Açores, o dinheiro gasto nas touradas é superior ao gasto em Educação.

- Acabe com os espetáculos em que usam animais e que muitas vezes estes sofrem danos e mazelas devido ao seu maneio como o circo.

- Criminalize e responsabilize os maus tratos nos animais.

- Financie uma campanha nacional de esterilização de animais de rua.

Estas são algumas ideias, muitas mais haverão por sugerir, mas era sobre esta última que me vou debruçar. Não é pacífica para muitas pessoas esta questão. A verdade é que até agora tem sido ignorada. A sociedade, e a lei diga-se, vê os animais como propriedade de alguém e trata-os quase sempre como tal. É urgente controlar a população de animais que vivem nas nossas ruas (errantes ou não) e este controlo tem sido feito de alguma maneira. O pouquíssimo que tem sido feito, por parte do Estado e dos seus órgãos, leia-se câmara municipal, é-o da maneira mais fácil, mais cruel e menos eficaz: engaiolando os animais em canis e gatis, do género armazém até não haver mais espaço e depois com eutanásia liberta-se espaço para mais uns quantos (Não é o que se passa felizmente no Canil/Gatil Municipal de Lisboa nem Évora). E este método tem um erro crasso, é que os animais reproduzem-se muito mais rápido do que nós os conseguimos apanhar e meter em jaulas.

A universidade do Porto num estudo que fez revela que cada canídeo custa ao município cerca de 60 euros, incluindo custos de alimentação, recolha, eutanásia e incineração. E pasme-se, o custo real de uma esterilização é cerca de 15 euros. Nos gatos esta diferença tem proporções ainda mais abismais.

Existem sempre pessoas que não se resignam, e nesse campo existem por este país fora algumas associações de bem-estar animal que têm um papel mais que louvável. Para os mais distraídos, a maioria destas associações pratica CED (captura, esterilização e devolução). Na ausência de um estado competente para tratar deste assunto, as pessoas que compõem estas associações, quase sem apoios, e muitas vezes com dinheiro do próprio bolso, outras vezes com dinheiro que conseguem com ações que promovem ou venda de artesanato, já esterilizaram milhares de gatos e cães por este pais fora. Sem o controlo da população estes animais, muitas vezes têm uma morte terrível, quer atropelados quer por doenças sem a atenção veterinária que necessitam e muitas vezes tornando-se um perigo para a saúde pública.

As pessoas projetam-se muitas vezes nos animais, a desculpa que oiço para não esterilizar os animais é que se perde a masculinidade (engraçado como esta desculpa é sempre dada em relação aos animais do sexo masculino, sinal da sociedade machista diria eu), que é mutilar o animal, enfim. Os animais tem comportamentos pouco higiénicos, do ponto de vista humano, devido à sua atividade sexual, como por exemplo marcar território. Em última analise, não esterilizar o animal por ser uma “mutilação” é por si só privar o animal de cumprir essa necessidade primária que é a procriação. Porque sejamos francos os animais não são como nós, e nós não somos como os animais. Os nossos impulsos sexuais advém de uma procura de prazer e por vezes de procriação, no entanto nos animais, com raras exceções é exclusivamente por necessidade genética intrínseca de deixar descendentes, não por vontade ou procura de prazer.

Estas associações que fazem um trabalho tão vital precisam de todos, nesta luta que devia ser de todos, em última analise é a proteção da vida que está em causa. Os animais não são objetos que possamos usar e deitar fora. Têm sistema nervoso e sentem dor. Controlar a população de animais na rua, é controlar a quantidade de animais errantes e impedir que muitos deles tenham uma morte traumática. Sejamos humanos para exigir uma vida melhor também para os nossos companheiros de quatro patas!

Artigo de Diogo Parreira, estudante de Medicina Veterinária

Termos relacionados Comunidade
(...)