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Ambientalistas criticam efeitos da queima de biomassa

No Dia Internacional da Floresta, um relatório de cinco organizações ambientalistas propõe uma moratória sobre novos empreendimentos no setor, o fim dos subsídios de energia renovável para a queima de biomassa e limites para quantidades usadas nas fábricas de celulose.
Central de Biomassa do Fundão. Foto de Oliver Munnion/Zero.

O Dia Internacional da Floresta foi a altura escolhida por cinco organizações não governamentais para alertar para os impactos negativos da queima de biomassa para produzir energia.

O documento "Acumulando Pressão – Os impactos do domínio das celuloses sobre o mercado de produção de eletricidade a partir da biomassa em Portugal" é assinado pela Quercus, Environmental Paper Network, Biofuelwatch, Acréscimo e Iris. Incide na atividade das empresas The Navigator Company e Altri, gigantes do setor, que têm o discurso de que a queima de biomassa para produção energética combateria alterações climáticas e reduziria o risco de incêndios.

Os ambientalistas contestam. Oliver Munnion, da Biofuelwatch, explica que a queima de biomassa é prejudicial implicando a queima de grandes quantidades de madeira e aumentando o dióxido de carbono lançado para a atmosfera.

Problemas que fazem com que se proponha uma moratória sobre novos empreendimentos no setor, o fim dos subsídios de energia renovável para a queima de biomassa e limites para quantidades usadas nas fábricas de celulose.

Alexandra Azevedo, presidente da Quercus, sublinha que "os lucrativos subsídios públicos às energias renováveis" estão agora a encorajar investimentos em "grandes e ineficientes" centrais termoelétricas. Para funcionar, estas precisam de quantidades enormes de madeira.

A atenção está virada para a indústria das celuloses. Em 2021, esta produzia 80% da sua eletricidade com a queima de três milhões de toneladas de biomassa em centrais de cogeração e termoelétricas. Perto de 60% veio de explorações florestais, sobretudo do eucalipto.

Sophie Bastable, da Environmental Paper Network, conclui que  "globalmente, os incentivos à eletricidade a partir da queima de biomassa, como os subsídios à energia renovável, abriram um novo fluxo de receita para a indústria de pasta e papel. Essa renda incentiva a intensificação da exploração florestal e a expansão das plantações de monoculturas de árvores, muitas vezes no lugar dos ecossistemas naturais".

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