Está aqui
Alemanha em recessão e com crise à vista no Governo

Depois de uma queda de 0,5% do PIB no último trimestre de 2022, os primeiros três meses deste ano confirmaram a contração da economia alemã em mais 0,3%, colocando oficialmente o país em recessão.
Segundo a autoridade estatística alemã, citada pelo Público, a queda do PIB no primeiro trimestre deve-se sobretudo à quebra do consumo privado (-1,2%) e do consumo público (-4,9%). O aumento dos preços, em particular na energia, levou os alemães a cortarem nas despesas com comida, bebida, vestuário e calçado, mas também na compra de automóveis novos, com o fim dos apoios públicos à aquisição de veículos híbridos plug-in e a redução dos que apoiavam a compra de carros elétricos. A inflação em abril situava-se nos 7,2%, menos 0,2 pontos percentuais que em março.
O corte no consumo significou a redução das importações em 0,9%, com as exportações alemã a crescerem 0,4% no primeiro trimestre de 2023. Mas o investimento cresceu mais do que nos anteriores trimestres, em particular nos setores da construção (3,9%) e maquinaria e equipamento (3.2%).
Verdes e liberais em rota de colisão no Governo
Além das más notícias para a economia, a semana trouxe também um novo episódio na fricções no interior do executivo composto por três partidos: os social-democratas do SPD, os Verdes e os liberais do FDP. Desta vez, os liberais anunciaram na quarta-feira a sua oposição ao plano do ministro da Economia e líder dos Verdes, Robert Habeck, para definir metas mínimas de energias renováveis para os novos sistemas de aquecimento.
"Quero dizer com toda a clareza que o FDP está a comportar-se como um partido da oposição dentro do governo", afirmou a líder parlamentar dos Verdes Irene Mihalic. Na véspera, Robert Habeck já tinha avisado que a posição do FDP significava que os liberais não conseguiam cumprir os seus compromissos.
O cientista político Uwe Jun, citado pelo Euractiv, diz que o país se encontra à beira de uma crise política e que cabe ao governo mostrar a partir de agora que tem vontade de continuar, apesar da confiança mútua estar mais do que afetada.
O mal-estar no executivo alemão surge numa altura em que a posição dos Verdes se encontra debilitada pelo escândalo de nepotismo que levou à demissão de Patrick Graichen, o secretário de Estado da Economia e próximo de Habeck, por ter participado no comité que nomeou o seu padrinho de casamento para a chefia da Agência Alemã de Energia e por ter assinado o financiamento a um projeto de proteção ambiental em que participava a sua irmã.
E as divergências podem subir de tom com a discussão do Orçamento para 2024, no qual o ministro das Finanças e líder do FDP, Christian Lindner, se prepara para propor mais cortes na despesa pública.
Adicionar novo comentário