O histórico socialista Manuel Alegre, candidato à Presidência da República, considerou esta quinta, em Coimbra, “um precedente gravíssimo” que um grupo de banqueiros, “que não têm legitimidade democrática”, tenha reunido com o líder de um partido político para o pressionar a decidir de uma determinada maneira sobre o Orçamento de Estado para 2011.
Para o ex-deputado socialista, trata-se de um precedente que põe em causa o princípio constitucional da subordinação do poder económico ao poder político democrático.
“Se fosse presidente da República, neste momento não permitiria que o grande capital e os grandes banqueiros andassem a exercer um papel de pressão, mediação ou moderação relativamente a uma decisão política que tem de ser tomada pelos órgãos políticos democraticamente eleitos no local próprio, que é a Assembleia da República”, frisou.
O candidato disse ainda que “se tomasse alguma medida, e vou tomá-la como candidato, é ouvir os parceiros sociais, em primeiro lugar os sindicatos”.
Sublinhando que a sua candidatura é “de inclusão, para unir e para somar”, Manuel Alegre manifestou a confiança que “desta vez, a vitória é possível”, referindo-se às sondagens que indicam a sua constante subida face à descida do outro candidato.
Enquanto Alegre discursava em Coimbra, os banqueiros estavam reunidos em Lisboa com o ministro das Finanças, a quem foram alertar para os riscos de as condições de financiamento bancário se deteriorarem caso o Orçamento do Estado de 2011 não seja viabilizado.