Esta quarta-feira, o debate do programa de Governo já ia no segundo dia, com a certeza instalada de que os votos do PSD e do CDS, mesmo que somados aos do PAN e IL, não seriam suficientes para aprovar o documento e viabilizar o novo executivo liderado por Miguel Albuquerque, pois PS, Chega e JPP já tinham decidido o voto contra. Ao final da tarde, Miguel Albuquerque anunciou que retirava a proposta em debate, prometendo negociar com os partidos parlamentares e apresentar outra antes do prazo legal previsto, que é de 30 dias, evitando assim o chumbo e a possibilidade imediata de os madeirenses serem novamente chamados às urnas no final do ano.
Em declarações ao Esquerda.net, a coordenadora do Bloco de Esquerda/Madeira, afirma que “a primeira conclusão a que se chega é que Albuquerque mentiu ao Representante da República quando lhe garantiu que tinha uma maioria relativa, mas estável para aprovar um programa de governo, o orçamento e para governar”.
Responsabilidades que Dina Letra reparte entre o líder do PSD e o Representante da República, pois ao contrário do que Irineu Barreto fez após as eleições de setembro - meses antes da demissão de Albuquerque quando foi constituído arguido no processo de corrupção que envolve o governante e empresários da ilha -, exigindo um acordo escrito entre o PSD e o PAN, desta vez o Representante da República “deu carta branca a Miguel Albuquerque e nenhuma garantia foi exigida”.
Madeira
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Dina Letra também acusa Miguel Albuquerque de ter mentido aos madeirenses “quando referiu que estava a negociar com a oposição o programa de Governo”, pois na verdade limitou-se a introduzir propostas avulsas dos programas dos restantes partidos. Assim, conclui que “neste momento, a palavra do presidente do governo regional da Madeira vale zero”.
Para a coordenadora regional bloquista, Albuquerque é o único responsável pela instabilidade criada quando aceitou ser indigitado, sabendo que os restantes partidos que estão em maioria no Parlamento recusavam que liderasse o próximo executivo. Mas discorda da leitura da direita, que tem a maioria na Assembleia Legislativa Regional, de que “o único problema é Miguel Albuquerque”. Dina Letra recorda que “há toda uma governação, várias secretarias, sob investigação o que coloca em causa a credibilidade de todo o Governo”.
Agora fora do Parlamento, o Bloco/Madeira continua a defender a urgência de uma mudança de rumo político na Madeira que traga soluções “para resolver os graves problemas que os madeirenses enfrentam, para resolver as profundas desigualdades que foram criados pelos governos do PSD-M”. E no próximo domingo anunciará os próximos passos que pretende dar para ajudar a tornar realidade essa mudança.