O elemento detido na sequência dos ataques racistas ocorridos na madrugada da passada sexta-feira no Porto confessou às autoridades a motivação racista do crime e acrescentou que terá estado envolvido em mais situações do mesmo tipo contra cidadãos magrebinos nas últimas semanas.
A informação é divulgada esta segunda-feira pelo Jornal de Notícias que acrescenta que o suspeito foi colocado em prisão preventiva e tem pendente uma pena suspensa de cinco anos de prisão por vários crimes de ofensa à integridade física.
Confirma-se ainda quer na notícia do JN quer no Expresso através de outra fonte policial que “pelo menos um” dos suspeitos tem ligações ao “Grupo 1143”, uma formação política de extrema-direita liderada pelo neonazi Mário Machado.
O Diário de Notícias cita ainda mensagens do chat deste grupo no Telegram onde seus membros “celebram a violência”. Uma das mensagens diz:“Acordei com uma excelente notícia, que me leva a crer que os portugueses e sobretudo na minha Invicta ainda resta a esperança. F...... a boca a um grupo de 10 marroquinos/argelinos e ainda lhes partiram a casa toda”. Outra é de alguém que diz que “não costuma ser apologista da violência, mas com o estado das coisas aqui isto era bem preciso”. E ainda outra: “Isto é só o começo. A partir do momento que esta m... anda a atacar e roubar idosos, [armados] de martelos e facas, não podemos permitir. Temos o dever cívico como cidadãos de defendermos quem não se pode defender e é atacado por estes m... que se aproveitam da fragilidade de certas pessoas”. Há ainda quem manifeste “pena” por “somente” dois dos imigrantes terem sido hospitalizados.
O líder deste movimento extremista tinha afastado a responsabilidade pelo crime mas regozija-se por ter recebido na sequência das agressões “centenas” de pedidos de informação sobre como entrar para o movimento e diz que isto causou um “segundo boom do grupo”.
Ao mesmo tempo, o Ministério Público confirmou a abertura de três inquéritos para investigar estes “episódios de violência”, esclarecendo que o suspeito detido foi apanhado em “flagrante delito” e está indiciado dos crimes de posse arma proibida e de ofensa à integridade física qualificada. O organismo informa ainda que os crimes são suscetíveis de constituir “infrações criminais de natureza pública”.