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Agnès Varda (1928-2019)
Agnès Varda, que afirmava que “nunca fiz filmes políticos, mas mantive-me sinceramente ao lado dos trabalhadores e das mulheres”, faleceu em sua casa na noite de quinta-feira rodeada de familiares e amigos, segundo divulgaram fontes familiares.
Depois de ter estudado História de Arte, trabalhou como fotógrafa. Depois arriscou-se no cinema. Em 1954 fez o seu primeiro filme, La Pointe Courte, com poucos meios e fora dos circuitos comerciais. Torna-se fonte de inspiração para toda uma geração de cineastas e acaba por ser conhecida como a “avó da Nouvelle Vague”, apesar de ainda ser jovem quando a alcunha foi forjada. Foi, aliás, das poucas realizadoras reconhecidas deste movimento artístico.
Seguiram-se muitos outros filmes também influentes: Cléo de 5 à 7, Ulisses, Sans toit ni loi, Les Glaneurs et la Glaneuse e Les Plages d'Agnès. A longa carreira é premiada com prémios como o César ou o Leão de Ouro por alguns dos seus filmes e prémios de carreira como a Palma de Honra do Festival de Cannes e o Oscar de honra.
Varda é também conhecida por ter dado a cara pelo feminismo. O filme L'une chante, l'autre pas é um dos testemunhos dessa militância. Tal como o é a subscrição do manifesto das 343 em 1971, em que as signatárias afirmavam ter abortado e exponham-se assim a todas as consequências legais, nomeadamente a possível pena de prisão, daí decorrentes.
Na passagem do século realiza documentários como Les Glaneurs et la Glaneuse, Os respigadores e a respigadora e a sua continuação, Deux ans après. E, em 2008 e 2019, faz dois filmes auto-biográficos, Les Plages d'Agnès, e Varda by Agnès.
Sobre a sua forma de fazer cinema afirmava: “a arte deve dizer algo sobre a tua própria vida. Deves envolver-te. Eu não quero que as pessoas digam que é grandiosa, quero que as pessoas digam: é para mim.”
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