O “acordo de rendimentos e competitividade” assinado entre Governo, patrões e UGT não garante sequer o aumento salarial de 5,1% para 2023 que tinha sido noticiado. Nele estava indicado ainda um aumento de 4,8% em 2024, de 4,7% em 2025 e de 4,6% em 2026.
A CNN Portugal questionou “14 das maiores empresas a operar em Portugal” e, das que responderam, nem uma se comprometeu com o número avançado no documento para o próximo ano que tinha como eixo declarado “alcançar o objetivo de aumentar a parte do fator trabalho no produto, convergindo com a média europeia”.
Entre as empresas que o canal televisivo contactou, a desculpa mais referida é a necessidade de acordo com os trabalhadores ou os acordos coletivos existentes. Desta forma, a Sonae invoca o acordo assinado entre a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços, SITESE, da UGT, que estabeleceu “um aumento médio da tabela salarial de 4,8%”, assegurando que “irá garantir em 2023 o alinhamento com a dinâmica e a evolução do mercado de trabalho, no sentido de assegurar a competitividade das suas práticas”.
No mesmo ramo, a Jerónimo Martins, refere estar “analisar diversos cenários no que diz respeito à política retributiva”.
No setor da energia, a Galp indica que “continua a analisar a evolução dos indicadores relevantes de mercado e decidirá de acordo, em diálogo com os representantes dos trabalhadores”. A EDP que não tem “ainda informação a partilhar sobre este tema”.
Outras empresas são igualmente vagas. O Vila Galé também respondeu que “ainda está a analisar o tema”. A Caixa Geral de Depósitos que “para já” não há “nada para comunicar”. A Mota-Engil que “não vai comentar o tema”. Também a Navigator nada disse a este respeito.
No setor industrial, a Volkswagen Autoeuropa remete para a discussão futura com os representantes dos trabalhadores. A Bosch sublinha que “faz anualmente a revisão e atualização da estrutura salarial dos seus colaboradores em Portugal”.