Perto de 50 trabalhadores e representantes do Sindicato dos Trabalhadores de Call Center (STCC) concentraram-se à porta das instalações da empresa, esta segunda-feira, em Setúbal, deslocando-se posteriormente para a sede da Teleperformance no edifício Marconi, em Lisboa.
Em comunicado, a direção do STCC e os trabalhadores do Departamento Payments and Processing, na área Barclaycard, lembram que, nos últimos anos, “têm feito repetidos pedidos e reuniões para chegar a acordo com a empresa para um aumento salarial”. “Como a Teleperformance nunca mostrou abertura, tivemos de partir para a greve”, sublinham.
Os trabalhadores da Teleperformance na área Barclaycard lembram que fazem “um trabalho qualificado, que noutras condições seria prestado por trabalhadores bancários, que nunca poderiam receber salário base abaixo dos 780 euros”, e que a sua situação “tornou-se insustentável”.
“Salário igual para trabalho igual é algo que não acontece na Teleperformance, a nossa proposta vai no sentido de começar a diminuir essa desigualdade”, destacam.
A par de um salário base de 750 euros, reivindicam também a contratação de todos os trabalhadores através da Teleperformance, sem recurso a empresas de trabalho temporário, como é o caso da Emprecede, e um plano de incentivos justos.
No documento, os trabalhadores dão um prazo, até ao próximo dia 17, para que a Teleperformance os receba, caso contrário, irão convocar novas greves e novas formas de luta.
Adesão de 100% à paralisação
Em declarações à agência Lusa, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Call Center (STCC), Manuel Afonso, explicou que “a greve dos trabalhadores da campanha Barclaycard Payments and Processing, da Teleperformance de Setúbal, em defesa do aumento do salário base para 750 euros […] teve uma adesão de 100%”.
Já a Teleperformance Portugal contrapôs que “o dia está a decorrer de forma inteiramente normal”: “Na empresa trabalham 7.600 pessoas e efetivamente registámos a ausência de 18 colaboradores que exigem o aumento [salarial] de 35%, mas que não tendo estes comunicado ainda o motivo, não sabemos quantos deles terão faltado por motivos pessoais”.
A Teleperformance Portugal, a maior empresa de ‘call center’ do país, argumenta ainda que oferece “sempre o máximo de remuneração possível aos colaboradores”.
"Mais um caso de precariedade extrema nos call centers"
A deputada bloquista Isabel Pires e o membro da Coordenadora Nacional do Trabalho José Casimiro estiveram presentes na concentração dos trabalhadores da Teleferformance de Setúbal, reforçando toda a solidariedade com a sua luta.
Em declarações ao Esquerda.net, Isabel Pires condenou as práticas da Teleperformance, afirmando que estamos perante "mais um caso de precariedade extrema nos call centers". A deputada lembrou ainda que, apesar dos seus lucros crescentes, a empresa continua a subcontratar trabalhadores, através da Empreced, uma empresa de trabalho temporário.