Acusações de fraude eleitoral geram confrontos na Bolívia

22 de outubro 2019 - 12:23

Contagem de votos fora interrompida quando dava como garantida uma segunda volta entre Evo Morales, à frente do país desde 2006, e Carlos Mesa. A divulgação dos resultados fora depois retomada para dar a vitória a Morales, com 10,14% de diferença face ao segundo candidato.

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Acusações de fraude eleitoral geram confrontos na Bolívia
Foto: Página Siete/Twitter.

A divulgação dos resultados provisórios das eleições na Bolívia deu origem a confrontos com a polícia em La Paz e Potosi e uma multidão incendiou o tribunal eleitoral em Sucre, capital constitucional do país. Também a sala de campanha do MAS, partido do Evo Morales, foi saqueada em Oruro.

Carlos Mesa, principal adversário do presidente Evo Morales e líder da aliança Comunidade Cidadã, classificou o escrutínio eleitoral como uma “fraude” e não reconhece os resultados eleitorais provisórios que dão a Morales a vitória na primeira volta.

"Não vamos reconhecer esses resultados, que fazem parte de uma fraude vergonhosa que está colocando a sociedade boliviana em uma situação de tensão desnecessária", disse Carlos Mesa à comunicação social.

Mesa instou ainda a população a “conduzir uma batalha pela defesa dos votos”. O candidato tinha feito referências à possibilidade de manipulação eleitoral durante a campanha.

Além dos apelos da oposição, também a partilha de vídeos de urnas de voto abandonadas nas ruas e empilhadas em armazéns têm motivado a revolta em alguns setores da população. Não se sabe, contudo, se esses vídeos são verídicos.

Carlos Romero, ministro do interior, responsabilizou a oposição pelos conflitos nas ruas e avisa que terão de “resolver a violência que criaram”.

"A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) manifesta sua profunda inquietude e surpresa face à mudança radical e difícil de justificar, no que respeita à tendência dos resultados preliminares após o encerramento da votação", lê-se num comunicado divulgado pelos observadores no qual manifestam a sua “preocupação” e “surpresa” com esta reviravolta.

A contagem de votos fora inexplicavelmente interrompida na madrugada de domingo quando dava como certa uma segunda volta entre Evo Morales e Carlos Mesa. O anúncio indicou apenas que a contagem computadorizada estava interrompida, sem mais explicações, dando de imediato origem a receios de fraude por parte da oposição e da comunidade internacional. Nessa altura, quase 84% do escrutínio estava realizado, atribuindo 45,28% dos votos a Morales e 38,16% para Carlos Mesa.

Posteriormente, na noite de segunda feira, a página do Supremo Tribunal Eleitoral Boliviano colocou Morales na liderança, com 46,87% dos votos, ampliando a diferença para o seu principal opositor, Carlos Mesa (36,73%), quando estão contados 95,3% dos boletins de voto, noticia a Lusa.

Estes 0,14% pontos percentuais são fundamentais, uma vez que para vencer numa primeira volta o candidato mais votado necessita de garantir uma maioria absoluta ou 40% dos votos, desde que tenha uma vantagem de pelo menos 10 pontos percentuais sobre o segundo candidato mais votado.