Inicialmente, a acusação da Operação Marquês imputava a Ricardo Salgado um crime de corrupção ativa de titular de cargo político, dois de corrupção ativa, nove de branqueamento de capitais, três de falsificação de documentos, três de fraude fiscal qualificada e outros três de abuso de confiança qualificada. Mas destes 21 crimes, o juiz Ivo Rosa pronunciou-o apenas pelos três últimos, considerando os restantes prescritos ou com falta de provas. A decisão do juiz fez cair assim as acusações de que Salgado teria subornado José Sócrates, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava no âmbito da OPA da Sonae e de outros negócios da Portugal Telecom, com vista à proteção dos interesses do banco, um dos grandes acionistas da PT.
A acusação que sobrou afirma que Salgado se terá apropriado de 10,6 milhões de euros do “saco azul” do BES, a Espírito Santo Enterprises, através de três transferências para offshores por si controladas em 2011. E por isso pede a sua condenação a 10 anos de prisão. A defesa alegou que se tratou de um empréstimo com juros e que o banqueiro apenas deixou de pagar quando as empresas do grupo colapsaram e viu as contas bloqueadas.
Ricardo Salgado não prestou declarações no julgamento, com a defesa a apontar que não conseguiria exercer esse direito por causa da doença de Alzheimer que lhe foi diagnosticada. Segundo o Público, na parte final da sessão de alegações finais desta terça-feira, o juiz ainda perguntou a Salgado se queria dirigir-se ao tribunal, alegando que o silêncio o iria desfavorecer. “Sinceramente, eu gostaria de poder dizer algo, mas estou muito diminuído nas minhas faculdades, e a minha memória foi-se embora, peço desculpa por isso, mas não tenho condições”, respondeu o ex-banqueiro. A leitura da sentença realiza-se a 7 de março.