“Tenho o prazer de anunciar que após 23 meses de negociações esta administração conseguiu abrir um novo capítulo na história”, declarou o presidente iraniano Hassan Rouhani no Twitter assim que foi público o acordo alcançado entre o Irão e o grupo P5+1, composto pelos Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha.
Com este acordo (ler texto completo), as sanções impostas ao Irão serão levantadas nas próximas semanas, terminando o bloqueio dirigido por Washington a pretexto do programa nuclear iraniano. As relações diplomáticas entre os dois países, que cortaram relações após a crise dos reféns em 1980, têm agora caminho aberto para serem reatadas.
O presidente norte-americano Barack Obama saudou o resultado das negociações intensas das últimas semanas, ao afirmar que “travámos a propagação de armas nucleares nesta região”. Obama sublinhou que este acordo agora alcançado prevê o reforço das inspeções e a redução da capacidade iraniana para produzir combustível nuclear.
“Decretámos as sanções para alcançar uma solução diplomática, e foi isso que conseguimos… O acordo oferece-nos a possibilidade de avançar numa nova direção. Devemos aproveitá-la”, concluiu Obama, citado pelo Washington Post.
Israel e Arábia Saudita unidos contra o acordo nuclear iraniano
Como se previa, o sucesso deste acordo não foi bem recebido na Arábia Saudita e em Israel. Diplomatas sauditas disseram sob anonimato ao Washington Post que a administração Obama fez tudo para fechar o acordo antes do fim do mandato, “à custa da segurança regional”, prevendo que a influência de Teerão na região irá aumentar no próximo período. “Se o Irão obteve luz verde, a Arábia Saudita tem direito à energia nuclear”, defenderam os mesmos diplomatas.
Para o governo israelita, o acordo abre o caminho ao Irão para desenvolver armas nucleares, dado que “muitas das restrições que serviam para o prevenir serão levantadas”, defendeu Benjamin Netanyahu.
O primeiro-ministro israelita diz que “o Irão vai ganhar o jackpot de centenas de milhares de milhões de dólares, que lhe vão permitir continuar a sua agressão e terror”.
Para o presidente iraniano, a realidade é muito diferente: “Não procuramos armas de destruição massiva nem fazer pressão sobre outros Estados da região”. E deixa um aviso aos países vizinhos: “Não se deixem enganar pela propaganda belicista do regime sionista. O Irão e o seu poder irão tornar-se no vosso poder”, disse Hassan Rouhani.