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26 mil famílias esperam habitação social, só há vaga para 2,5% dos pedidos

Se o ritmo de atribuição de habitação municipal se mantiver e se não houvesse nenhum novo pedido, só daqui a 29 anos acabariam as listas de espera.
Habitação. Foto de Paulete Matos.
Habitação. Foto de Paulete Matos.

Nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto há 26.312 agregados familiares que se candidataram aos programas de habitação social das câmaras municipais. Contudo, só há vaga para 658, 471 na região da Grande Lisboa e 187 no Grande Porto, o que corresponde apenas a cerca de 2,5% das candidaturas apresentadas.

O Expresso recolheu dados em 31 das autarquias destas regiões, sendo que três delas não responderam. Concluiu que há perto de 19.000 famílias à espera de resposta na Área Metropolitana de Lisboa e de 7.400 na Área Metropolitana do Porto, sendo que 60% dos pedidos ou deram entrada em 2022 ou foram renovados no ano passado.

Em 17 destes concelhos não há sequer uma vaga disponível (Almada, Amadora, Barreiro, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sintra, Sesimbra, Setúbal e Vila Franca de Xira, na AML, Arouca, Maia, Paredes e Vila Nova de Gaia na AMP). Há ainda 2.509 habitações municipais desocupadas mas que precisariam de obras.

De acordo com o semanário, “a este ritmo seriam precisos 29 anos para acabar com a espera, e só se se travassem novas inscrições”.

A falta de habitação social social faz-se sentir com mais intensidade na Grande Lisboa, onde há 71% das pessoas em lista de espera, com Lisboa, Cascais, Oeiras, Loures e Sintra à cabeça. No Grande Porto destacam-se Matosinhos e Maia. Só que, explica-se, a pressão está a deslocar-se também para concelhos menos povoados: “com a fuga de população para as localidades limítrofes da AML, atrás de rendas comportáveis, a especulação imobiliária seguiu-a, aproveitando a procura. E assim, municípios com pouca habitação social – porque nunca tiveram pedidos que motivasse a sua construção ou aquisição – veem-se agora a braços com listas de espera, algumas até superiores ao património edificado e totalmente lotado”. Situações que acontecem em Alcochete, Palmela, Mafra e Sesimbra mas que se repetem a norte em Arouca, Paredes e Oliveira de Azeméis.

No próximo dia 1 de abril, várias cidades portuguesas vão manifestar-se pelo direito à habitação. As manifestações "Casa para Viver" insurgem-se contra o aumento dos preços e da especulação no mercado de arrendamento que tornam impossível conseguir um teto nas regiões que concentram o maior número de habitantes.

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