“Passos Coelho falou para a troika e os mercados”

25 de dezembro 2013 - 22:58

Para Marisa Matias, a mensagem de Natal do primeiro-ministro falou “de um país que só existe na sua cabeça”.

PARTILHAR
Marisa Matias diz que Passos Coelho continua a falar de um país que não existe. Foto Paulete Matos

“A declaração do primeiro-ministro mostra que há muito tempo ele não fala para o país, ele fala para fora: para a troika, para os mercados, para quem manda no governo português. E só isso é que pode justificar que, mais uma vez, ele tenha falado de um país que só existe na sua cabeça”, declarou a eurodeputada do Bloco de Esquerda na conferência de imprensa de reação à mensagem de Natal de Passos Coelho.

Horas antes, na televisão, o primeiro-ministro falou de um país onde o desemprego está a diminuir, há milhares e milhares de novos empregos criados, as desigualdades se têm reduzido e a dívida pública finalmente começou a ser paga. Para a dirigente do Bloco, a mensagem de Passos não passa no teste da realidade. “Ao contrário do que disse o primeiro-ministro, as desigualdades não estão a diminuir, estão a aumentar, temos cada vez mais pobres e os ricos estão mais ricos; o desemprego não está a diminuir, Passos Coelho esquece-se dos milhares de portugueses que são obrigados a abandonar o país - e em cada ano da troika foram mais de cem mil portugueses forçados a abandonar o país”, afirmou Marisa Matias.

A eurodeputada do Bloco apontou ainda outros exemplos de como a mensagem de Passos não cola com a realidade: “A balança comercial não está mais positiva, o que acontece é que há menos importações porque o poder de compra está reduzido ao mínimo. E a dívida também não vai ser reduzida, o que se espera é que seja de 128% do PIB no final do ano, quando o memorando previa 114%”.

Quanto à “sociedade de oportunidades” que Passos afirmou estar a criar em Portugal, Marisa Matias contrapõe que “o governo faz tudo o que pode para matar essas oportunidades, nomeadamente com o ataque à escola pública”.

“É certo que o primeiro-ministro apelou à memória de 900 anos de história. Eu não iria tão longe, acho que podemos apelar apenas aos últimos 40 anos de democracia em Portugal para saber que este povo que construiu o SNS, que ajudou a construir o Estado Social, não vai deixar que ele seja destruído desta forma, como o primeiro-ministro e o Governo estão a tentar fazer”, concluiu a dirigente do Bloco.