A estudante de medicina indiana de 23 anos que foi violada por um grupo de homens dentro de um autocarro, em Nova Deli, morreu na sexta-feira num hospital de Singapura.
A agressão provocou violentos protestos e manifestações quase diárias a exigir mais proteção de violência sexual que afeta milhares de mulheres todos os dias.
A jovem e um amigo viajavam num autocarro dos transportes públicos no dia 16 quando foram atacados por seis homens que a violaram e os espancaram aos dois. Os agressores despiram-nos e abandonaram-nos na estrada.
Os protestos, que começaram pacíficos, no final da semana passada, transformaram-se numa batalha campal com a policia a usar a habitual violência, lançando bombas de gás lacrimogênio e agredindo impiedosamente e de maneira indiscriminada os manifestantes.
No domingo passado, o governo proibiu mesmo as manifestações, mesmo sendo estas plenamente justificadas, já que a Índia ocupa um dos primeiros lugares em termos de violência sexual no mundo, e a população tem a necessidade de defender-se.
Segundo dados da própria polícia, a cada 18 horas ocorre uma violação em Nova Deli, a campeã nacional de agressões sexuais.
A revolta é expressão de um processo social mais profundo que vive este país asiático. A Índia, depois da luta pela independência do Império Britânico, permanece subjugada por uma corrupta elite, na qual se destaca a dinastia Gandhi. Apesar de ser considerada, pelos demagogos da imprensa mundial, a maior democracia do planeta, é um local onde os direitos humanos são sistematicamente violados, sejam eles direitos laborais, humanos ou das inúmeras etnias que formam esse enorme pais.
A atual revolta é um exemplo dessa situação. Não deve existir ninguém que deseje que a sua irmã, filha, crianças ou esposa seja violentada pelas ruas da sua cidade. Mas esse e o quotidiano da vida nesse país que tem a segunda população mundial, depois da China.
A revolta obrigou a chefe do clã, Sonia Gandhi e o seu filho Raul a encontrarem-se com os revoltosos, prometendo interferir no assunto; mas os manifestantes exigiram do governo do primeiro-ministro Singh medidas efetivas para parar as manifestações.
A violência sexual é absolutamente repugnante, e mais ainda se pensarmos que a jovem violada, estudante de medicina, dedicara a sua existência a salvar vidas, mesmo a de pessoas como as que a violaram. A situação de opressão das mulheres indianas é tão grande que, tempos atrás, uma jovem violada por um politico indiano, além da violência a que fora submetida, foi metida na prisão e acabou por ser processada, o que demonstra o absurdo da situação.
Desta vez, a polícia prendeu seis pessoas por suspeita de participação no ataque.