Enquanto Lula se reunia, alegremente, na Cimeira de Lisboa com os representantes da União Européia, preocupado em retomar negociações comerciais, o Brasil assistia, enraivecido, aos desdobramentos do último mega-escândalo nacional envolvendo ninguém menos que o presidente do Senado. Enquanto Lula se dedicava a satisfazer o apetite dos usineiros do etanol - promovidos pelo presidente à condição de heróis em recente discurso - que querem um maior acesso das exportações do agro-negócio aos mercados europeus depois do impasse da rodada Doha no quadro da OMC (Organização Mundial do Comércio), a maioria do povo brasileiro assistia, estarrecida, à denúncia de que milhares de mortes por exaustão dos cortadores de cana continuam sendo uma rotina, como nos tempos da escravidão.