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Quem ganha quando a política perde?
A ideia de que há uma única solução para o país - a receita FMI de austeridade - instala-se e somos todos chamados a colaborar "a bem da nação". Sacrifícios, injustiça, desigualdade, recessão, tudo deve ser aceite com "espírito de missão". Porque discordar é entrar em "jogos políticos", que só interessam aos partidos. Essa coisa que, pelos vistos, é formada por não cidadãos não civis e que só se representa a si própria.
Fernando Nobre abandonou a Assembleia da República, fazendo votos para que um dia o parlamento se "abra à cidadania". O Governo assumiu funções dizendo ter dado voz à "sociedade civil". E na comunicação social multiplicam-se os apelos para que se coloque "a política de lado" e nos unamos todos no esforço de "salvação nacional".
Enquanto isso, enquanto se isola o debate político e os partidos, um grupo de cidadãos civis, formado pelos donos dos grandes grupos económicos em Portugal, é escutado nos debates televisivos sobre o estado da nação. Com receitas desinteressadas, diz-se, sobre o futuro do país. As receitas que devemos aceitar sem contestação ou sofreremos todos ainda mais. Diz o novo Ministro da Economia e do Emprego, vindo directamente da "sociedade civil", que somos todos "uma equipa", a oposição deve esquecer as divergências e os sindicatos dar as mãos às confederações patronais.
Importa pois esclarecer alguns equívocos: os partidos são formados por cidadãs e cidadãos; o poder político não está na mão de militares e calar a divergência e o pluralismo políticos é viver em ditadura. Tudo isto deveria ser tão óbvio que escrevê-lo seria inútil. Mas infelizmente não é assim.
Hoje os combates centrais em Portugal e na Europa são dois: contra a bancarrota e em defesa da democracia. De facto, um combate com duas frentes. Porque a política da bancarrota se fortalece à medida que a democracia enfraquece. É agora, que nos dizem que o momento é de calar, que teremos de falar mais alto e reagir; reforçando os movimentos e activismos sociais e a participação político-partidária. Este é um confronto essencial: política e democracia contra a ditadura dos poderes não escrutinados.
Comentários
Falemos. A muitas vozes,
Falemos. A muitas vozes, ganhando fôlego, mas com o sentido da defesa da democracia e do combate à bancarrota dos povos.
Sacrifícios, é sacrifício
Sacrifícios, é sacrifício alguém andar a subir todos os escalões da função pública e cortarem-lhe 3,5% ou 10% do salário
ou é sacrifício gajos com 30 e tal anos de descontos não irem ter direito a reformas e terem de emigrar ou ficarem os 6 ou 10 anos que faltam a fazer biscates durane 3 ou 4 meses ao ano?
injustiça, sempre houve muitas a coberto do direito do trabalho
as remunerações crescentes no público quando os salários no privado estagnam desde há anos
diziam que os funcionários ou eram bem pagos ou iam para outro lado
tirando o pessoal da força aérea e o que vai para empresas municipais ou similares nunca vi tal
desigualdade, recessão, tudo deve ser aceite com "espírito de missão"
pode-se decapitar ou fuzilar 40 ou 50 mil pessoas
mas da últimas vezes que fizeram isso
nem o povo deixou de amargar nem as classes médias almoçaram melhor
Ora aí está camarada. Contra
Ora aí está camarada. Contra a acalmia desejada pelos eloquentes defensores da serenidade patriótica, que se erga uma frente internacional pela insubmissão. Pela democracia e contra a bancarrota.
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