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Polícia: a paixão dos governos da crise

Portugal é o 3º país com mais efetivos policiais por habitante na Europa (dos 27), só atrás do Chipre e da Espanha.

 

Temos cerca de um polícia para cada 200 habitantes e o investimento do PIB (2,4%) nesta área é muito superior à média (1,8%) da Zona Euro, só ultrapassado pela Eslováquia.

Mesmo quando a armadura pesa mais do que as forças podem suportar... Não sou infeliz, pois a minha armadura brilha e ofusca o mal do mundo” (textoestampadoem fotografia de elementos do corpo de intervenção da PSP em dia de manifestação emfrente à Assembleia da República no blog não oficialpormaioriaderazao.blogspot.pt/)

Certamente que a consciência de cada polícia poderá ser aligeirada pelas frases gloriosas e da maioria de razão com que acreditam agir. No entanto, relatos de violência policial e de abuso de autoridade em Portugal são denunciados repetidamente pela Amnistia Internacional, e mesmo assim, não são impeditivo para que tantos achem que a força policial é um trabalho como outro qualquer.Mas não é. Maus tratos,racismo ou infiltração em manifestações caracterizam uma força policial ao serviço da política da desigualdade..

A política de desemprego a níveis brutais e a conversão do mercado de trabalho num mercado dominado pelo banditismo é a mesma (política) que instala a força da repressão nos piquetes de greve (CTT, Carris,...) ou nas manifestações. Afinal, os meninos e as meninas musculadas da razão “a fortiori” estão-se pouco lixando para os direitos dos trabalhadores à greve, à saúde, ao trabalho e à habitação. Certamente não lhes explicaram na escola de polícia que se nos roubam no salário e no trabalho não temos pão, não temos saúde, não temos habitação, mas também não teremos paz, porque esta não se alimenta da fome.

O aumento da dimensão das polícias arrasta consigo o aumento do seu poder, e claro, dos abusos. Casos inacreditáveis, como os de espancamentos de jornalistas em manifestações (José Sena Goulão da Agência Lusa e Patrícia Moreira da AFP), detenções (ilegais) de manifestantes em dia de Greve Geral ou de negação do direito a representação legal, são apenas alguns exemplos no país da troika.

Não estão a servir a “ordem pública”ou a “resolução e gestão de incidentes críticos”, estão simplesmente a ganhar o seu salário à custa da política de Fernando Ulrich que nos diz “aguenta, aguenta”, da política de Ricardo Salgado que quer contratar estagiários para o BES cujos salários devem ser pagos pelo Estado, ou de Alexandre Soares dos Santos que quer acabar com os fins-de-semana.

Certamente não lhes explicaram na escola de polícia quem são estes senhores. Certamente que quando surgir a ordem de enfrentar um piquete de greve ou uma manifestação, os homens e mulheres das polícias sabem bem o que têm de fazer, afinal, a violência é o ato mais simples e o seu salário está primeiro.

Esta opinião é mesmo sobre o emprego das garras da crise, que cresce quando esta cresce. É mesmo sobre trabalhadores, uns que fazem greves e piquetes, por si e por todos, e outros, de azul morto, que têm como missão as destruir.

É mesmo sobre os mais de 30% de jovens (<35 anos) desempregados que não escolheram a derrota de aceitar servir a política dos bandidos que nos governam e que precisam da força do colectivo para derrotar a troika e os troikistas. A democracia precisa hoje de todos. Em Portugal, em Espanha, e em todo o lado onde é ameaçada por pesadelos que parecem querer acordar.

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Engenheiro informático
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