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Nem mais uma mulher assassinada

O agressor tem de afastar-se da família que agride, não podem ser as vítimas a ficar sem o seu lar. Não podemos fechar os olhos a tantas situações em que o perigo está eminente.

Na sexta-feira em Barcelos um homem degolou 4 pessoas, entre as quais uma grávida de 7 meses, porque não queria que estas testemunhassem contra ele num processo de violência doméstica, pelo qual já tinha sido condenado a 3 anos e dois meses de prisão, com pena suspensa.

Sábado em Esmoriz um homem de 50 anos matou a sua mulher à facada.

22 mulheres foram assassinadas em 2016 em contexto de violência doméstica. 29 mulheres em 2015. 43 mulheres em 2014. Nos últimos 11 anos registaram-se 428 femicídios.

Há 17 anos a violência doméstica passou a ser crime público, por iniciativa do Bloco de Esquerda. A nova lei permitiu que qualquer pessoa possa denunciar um caso de violência doméstica de que tenha conhecimento. Há dois anos conseguiu-se que a violência no namoro fosse equiparada à violência doméstica para efeitos de crime público, ou seja, quando alguém tem conhecimento de violência no namoro pode denunciar também, mesmo não sendo a vítima, para parar essa situação.

Há anos que lutamos para que se criem condições para que sejam os agressores os obrigados a sair de casa, e não as vítimas.

O agressor tem de afastar-se da família que agride, não podem ser as vítimas a ficar sem o seu lar. Não podemos fechar os olhos a tantas situações em que o perigo está eminente.

É cada vez mais necessário e urgente criar condições para que isso seja possível.

Nem mais uma mulher assassinada. Para isso é preciso agir antes. E já é muito tarde.

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