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Nós, Reformados e Pensionistas na Europa!

Em toda a Europa e por toda a Europa, nós votamos. Por isso mesmo devemos e exigiremos uma Europa para os cidadãos.

Temos vindo a assistir nos últimos anos a uma perda de valores nesta Europa que se auto-destrói. Esta mudança teve como preâmbulo a crise económica, patrocinada pelo sistema financeiro que se infiltrou em todos os países, introduzindo uma política de desregulação dos mercados, apoiando o avanço das políticas neoliberais, com a ajuda da capitulação dos dirigentes socialistas no plano político e social, permitindo às forças da direita alcançar posições, há tanto desejadas, contra o estado social e o bem-estar dos cidadãos.

Inconscientemente ou por conveniência dos partidos do “grande centrão” ignorámos que o modelo social teria de mudar, de forma a podermos mantê-lo no futuro. Esta situação não aconteceu unicamente no nosso país, mas em todos os países do sul. Todas estas mudanças, e uma vez que fazemos parte de uma união europeia, que se queria mais unida em torno de um objetivo, que seria o bem-estar dos cidadãos europeus, sem dogmas de norte ou sul, acabou por capitular aos interesses dos grandes grupos económico/financeiros desta Europa, cada vez mais escassa de ideias e de políticos. Neste sentido permitiram, com o beneplácito do Banco Central Europeu, do FMI e dos Tratados que foram sendo implementados, sem que nós cidadãos portugueses e todos os outros cidadãos dos países do sul da Europa, tivéssemos dado a nossa opinião concreta. Nunca fomos ouvidos ou tidos em consideração para tal. Daí que, agora, nos encontremos órfãos de nós próprios. E, mais uma vez, teremos de estar atentos aos famigerados Tratados que querem implementar.

Atentos ao que se passa à nossa volta para que não sejamos, mais uma vez, ultrapassados por ideias que não respondem a uma exigência de caminhos nacionais e europeus que nos conduzam à realização de uma sociedade europeia, mais justa, em que não sejam impostas aos países os regulamentos orçamentais de acordo com um Orçamento dirigido e controlado por um país, a Alemanha, que ditará como, e de que modo deveremos seguir o nosso futuro em termos económicos e sociais, coartando-nos toda a capacidade de decisão sobre o que queremos e sobretudo o que não queremos para o futuro dos nossos países. Isto é o garrote que se seguirá após já não termos revisões da Troika. Isto é, o famigerado “Tratado Orçamental”, mais conhecido como a “Austeridade Perpétua”, ao qual o governo já deu a sua aprovação na Comissão Europeia e o PS está no mesmo caminho. Tudo pela “calada da noite”, como se costuma dizer.

E o que mais me deixa de sobreaviso, é que tal como está a acontecer connosco, aqui em Portugal, campeiam por toda essa Europa, demagogos que maltratam os cidadãos com as suas políticas de corrupção desbragada. Os cortes nas políticas sociais, os cortes no Estado Social, o assalto aos rendimentos de quem trabalha ou trabalhou e descontou uma vida inteira, o aumento galopante da dívida, o desemprego galopante, com permanentes e insultuosas mentiras. Eles não são neoliberais, são sérios candidatos a fascistas. E, quando os cidadãos entregam o poder a estes políticos demagogos e mentirosos, que usam os “média” para cultivar a crença do político ser contra a política, estejamos alerta! É o que fazem os fascistas que não são estúpidos, mas sim mestres na arte da mentira. Ideias e valores espezinham-nos! Os cidadãos não contam! E sempre se têm servido da democracia para se guindarem ao poder.

Em toda a Europa e por toda a Europa. E nós votamos! Por isso mesmo devemos e exigiremos uma Europa para os cidadãos.

Ainda e só a título de informação convém deixar aqui patente que um sonho antigo da Comissão Europeia é, segundo a CGT. a privatização da Segurança Social.

E já agora, convém acrescentar que em Portugal, existem três milhões e 500 mil pensionistas, cerca de 35% da população do país, uma grande parte do quais com graves problemas sociais. Foi portanto neste contexto, que a Associação de Pensionistas e Reformados (APRe!) esteve no passado dias 19 em Bruxelas, no Parlamento Europeu, a convite da Eurodeputada Marisa Matias, a apresentar um breve panorama da situação dos reformados e pensionistas portugueses no início de 2014. O grupo de Esquerda do Parlamento Europeu que recebeu a APRe! para além da Marisa Matias era composto por mais 4 deputados de República Checa, Espanha, Letónia e a eurodeputada alemã, presidente do grupo, Gabi Zimmer.

Importante reunião que deu já uns passos largos no sentido do intercâmbio e ligação aos problemas dos reformados e pensionistas dos países europeus, para uma união concreta em luta para a melhoria e exigência de uma Europa que tenha como objetivo não o mundo da finança e dos mercados mas o cuidado para com os cidadãos que ajudaram a construir os países e a própria Europa. Não sendo assim, não existirá Europa nem a mesma fará sentido.

Sobre o/a autor(a)

Reformada. Tradutora e Assistente no Depto. Médico duma multinacional americana da indústria e comércio farmacêuticos. Dirigente do Bloco de Esquerda.
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