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Este país não é para toda(o)s

PSD/CDS tornaram mais uma vez claro, de que lado estão na luta pelo interior.

Foi na passada sexta-feira que a linha ferroviária da Beira Baixa foi rejeitada, apesar da proposta contar com o apoio de Bloco, PCP, PS e Verdes. O chumbo desta medida, que potencializaria o desenvolvimento da região, relança a discussão sobre o interior e sobre toda a ostracização de que esta zona do país tem sido alvo ao longo dos últimos anos.

Os últimos censos de 2011 apresentaram-nos o previsível cenário catastrófico do constante desinvestimento no interior, os dados do relatório do Instituto Nacional de Estatística, revelaram que não houve um único distrito do interior com crescimento populacional. Hoje, o interior é assim, território nacional deixado ao acaso, entregue ao abandono e sem uma política real de desenvolvimento. Temos ao longo dos tempos adiado a discussão sobre a regionalização e permitido que os sucessivos governos do PS e do PSD/CDS, retirassem gradualmente grande parte das estruturas que permitiam fixar pessoas em regiões mais distantes do litoral. Privatizaram-se serviços públicos, encerraram-se escolas, fecharam-se centros de saúde, taxaram-se cada vez mais estradas e eliminaram-se redes de transportes, tiraram tudo àqueles que já pouco tinham, cultivaram neles a incerteza do futuro e de uma emigração quase certa e deixaram apenas a vontade de viverem na sua própria terra. No entanto, no pico da crise económica, e com todo este historial assolador, somos mais uma vez obrigados a reagir, porque se no litoral os portugueses sentem a crise, sentem-na com muito mais força no interior, onde a vulnerabilidade é maior e cada vez mais fatal.

E ao mesmo tempo que a discussão passa pela Assembleia da República, indignando movimentos cívicos e dando espaço para uma nova carga reivindicativa, vemos por outro lado o Ministro da Educação, Nuno Crato, a declarar guerra aberta aos Institutos Politécnicos, alguns deles situados no interior, como o caso do IPB e do IPG, e que são hoje peças fundamentais da economia regional.

Na economia desinveste-se, na educação descredibiliza-se, e este discurso completamente destrutivo, continua a pautar a linha política deste governo que não hesita em empurrar o interior para o isolamento e para o subdesenvolvimento, ignorando milhares de pessoas, que estão hoje abandonadas e desprovidas de quase tudo.

Resta-nos apenas chumbá-los a eles que continuam a chumbar-nos a vida, porque um país que não olha por toda a gente é um país que não é para todos, e para construir esse país não contem connosco.

Sobre o/a autor(a)

Estudante universitário na UTAD
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