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Estar do lado certo

O Paulo sempre disse que era com uma unidade dos partidos que se conquistaria o poder.

No dia 29 de setembro de 2013 tive uma das minhas maiores alegrias políticas. Finalmente o PSD tinha perdido a maioria no principal Concelho da Madeira, o Funchal.

Esta alegria foi o culminar de todo um caminho de luta e reivindicação que se tinha iniciado após o 25 de Abril de 1974. Já escrevi muitas vezes sobre o quanto valeu a pena essa luta. Que nunca me arrependi de estar do lado certo da história da luta popular. Foram muitas as conquistas e muitas as Pessoas que contribuíram com o seu empenho para tudo o que foi conseguido. Conquistar a Câmara do Funchal foi, sem dúvida, uma dádiva que não podemos, nunca, desperdiçar.

O Paulo sempre disse que era com uma unidade dos partidos que se conquistaria o poder. Talvez fosse mesmo por isso que o seu último ato político foi o de ir votar no dia 29 de setembro de 2013, numa ambulância, para contribuir para que a Mudança ganhasse a CMF, a Assembleia Municipal e a Junta de Freguesia de S. Martinho. Quando isso aconteceu, a sua alegria foi imensa.

Nestes 4 anos exerci o mandato de Deputada Municipal, eleita pelo Bloco de Esquerda na lista da Mudança. Foi um trabalho aliciante e diferente. Passar da oposição para o poder não é fácil, mas gostei muito. Conheci pessoas novas. Convivi com pessoas diferentes. Debati com colegas da oposição. Tivemos debates quentes que exigiram preparação e muita argumentação. Acho que nunca vou esquecer esta experiência.

Pela primeira vez naquela Assembleia tive que defender um executivo Camarário. Fi-lo com convicção porque sentia que estava do lado certo da história. Do lado dos apoios sociais regulamentados e abrangentes, e não apenas para alguns. Do lado das contas transparentes e certas, onde as dívidas deixadas pelo PSD eram pagas. Do lado dos debates que discutiam a cidade e os seus problemas sem tabus. Do lado da participação de toda a oposição nas comemorações do dia da Cidade abertas ao público. Do lado do 25 de Abril de 1974, que pela primeira vez foi comemorado no nosso Concelho onde todos tiveram o direito à palavra. Do lado das Pessoas que quiseram intervir nas nossas sessões. Enfim, do lado da Democracia participada onde o Orçamento participativo foi o culminar de tudo isto. Foi diferente do que faziam antes. Foi! Para muito melhor, sem dúvida nenhuma. Voltar atrás neste caminho seria fazer a história regredir 41 anos.

Há muita coisa ainda por fazer? Claro que sim. Existem situações de carências para ajudar mais? Claro que sim. Mas nunca se esqueçam que os que lá estiveram, tiveram muito tempo para provar o que valiam e, se não o fizeram antes, não é agora que o vão fazer.

Para aqueles que, em vez de se juntarem a este tempo da história, se querem manter “puros e duros” e para eles tanto faz ganhar o PSD ou quem lhes garante Confiança nas Pessoas, governando para elas, só quer dizer que a história também fará a sua apreciação, e acho que o povo também.

Nem sempre é fácil escolher um lado, mas o meu está escolhido há muito tempo e tenho muito orgulho nisso. Com muita Confiança o futuro será bem melhor.

Publicado originalmente em dnoticias.pt

Sobre o/a autor(a)

Deputada na Assembleia Municipal do Funchal. Antiga dirigente sindical e deputada regional
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