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E que tal referendar a “Região Norte”?

A estratégia de sucessivos desgovernos PS e PSD (com a muleta do CDS) tem sido o Interioricídio ativo e intencional.

O novo quadro comunitário está muito bem desenhado apesar de existir uma redução no valor global das transferências recebidas da União Europeia, dizem o Governo e o PS.

Supostamente porque existe uma boa redistribuição do novo quadro em termos de regiões com a região Norte, com produtividade decrescente desde 2010 devido a falências de empresas e desemprego 12, a receber a maior fatia.

Mas o que é a região Norte para o Governo e PS? Vila Real e Bragança certamente não são. Afinal de contas, para onde foi o dinheiro dos fundos comunitários dos anteriores quadros estratégicos?

Ah. Foi para o Metro do Porto. Uma obra que teve desvios orçamentais 3.

Ah. Foram para a Casa da Música. Outra obra que teve desvios orçamentais 4.

Pois é. Foram para o Porto. E para Lisboa foram 154 milhões de euros também apesar de estarem alocados ao Norte 5.

E é esta a região Norte de PSD, PS e CDS. O Porto com uns desvios para Lisboa.

Sabemos assim que esta nova pompa e circunstância sobre o aumento de fundos para o Norte (e especialmente o Norte Interior) é uma mentira grosseira porque o dinheiro nunca sobe a encosta do Marão.

Soma-se também a esta morte anunciada do projeto para o Interior que mesmo com os desvios sobrou dinheiro, aliás os Fundos Comunitários no Norte (FEDER) foram executados até 2013 em apenas 52,3% (Dados do ON2 – QREN 6). Isto é: desinteresse político no desenvolvimento do Interior. De facto, a estratégia de sucessivos desgovernos PS e PSD (com a muleta do CDS) tem sido o Interioricídio ativo e intencional.

A única região Norte que existe para estes 3 partidos é a do Grande Porto.

Em ano de início de novo quadro comunitário até 2020 e de eleições europeias, justifica-se que se ande a referendar a coadoção em vez da Regionalização? Esta se calhar foi mesmo a intenção deste desgoverno: atirar terra para a cova onde jaz a última oportunidade de resolver a questão mais essencial das últimas décadas em Portugal. Porque é certo: se não resolvermos o desequilíbrio de distribuição dos fundos comunitários agora, Vila Real e Bragança vão deixar de existir ainda antes de 2020.

E para tal é necessário um debate nacional urgente sobre a Regionalização que culmine com um novo referendo sobre esta matéria, um referendo que esse sim é necessário, pois é de natureza estratégica e de planeamento para décadas para o país. Esse debate deve também tornar claro para que servem os novos fundos comunitários: não são para, como algumas câmaras municipais vão utilizar, inclusive no Interior subfinanciado, andarem a gastar em circuitos automóveis e campos de relvado sintéticos. São para o emprego e criação de empresas.

A única Regionalização aceitável é a que separa Porto de Vila Real e Bragança. Pela Região de Trás-os-Montes e Alto Douro, que se chame o povo a fazer justiça sobre a injustiça regional.


Sobre o/a autor(a)

Programador informático freelancer, deputado municipal no Concelho de Vila Real.
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