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E agora o que é que o PS vai fazer?

Pouco, muito pouco podemos aproveitar dos últimos dois grandes períodos de governação socialista (Guterres e Sócrates), sobretudo naquilo que hoje mais importa.

Para todos os efeitos, o Partido Socialista é pivotal para uma política de esquerda, é impossível de ignorar. Assim seja. Mas então importa saber onde vai estar o PS nos próximos tempos.

Pouco, muito pouco podemos aproveitar dos últimos dois grandes períodos de governação socialista (Guterres e Sócrates), sobretudo naquilo que hoje mais importa: economia e justiça social. As privatizações ao desbarato e sem sentido, a debandada do estado de sectores estratégicos da economia nacional, o incentivo ao endividamento das famílias iniciado por Guterres, a incapacidade de prevenir o desmantelamento económico que a entrada no euro iria provocar, a precarização e o incentivo do próprio estado ao trabalho sem contrato, o ataque ao sindicalismo, o crescente fosso social entre pobres e ricos, os salários estagnados, a falta de coragem política em afrontar os bancos e, por último, o grande el dorado das parcerias público-privado. Isto é uma sentença de morte para qualquer país por mais desenvolvido que seja, e o PS, lamentavelmente, foi o principal juiz.

Defrontados com uma maioria de direita, parlamentar e sociológica, que ameaça fazer tudo o que sempre sonhou, com o apoio esmagador de uma Europa irreconhecível, importa que tudo isto seja claro. Mas importa sobretudo que o PS demonstre onde vai estar daqui para a frente, pois foi este PS que assinou o acordo da troika, que estendeu uma passadeira vermelha à maioria da direita e que, se não assumir os seus erros, vai votar e apoiar a destruição do estado social.

A derrota da esquerda exige sim reflexão, era bom que ela começasse onde a falta de sensatez fez escola.

Sobre o/a autor(a)

Doutorando na FLUL, Investigador do Centro de Estudos de Teatro/Museu Nacional do Teatro e da Dança /ARTHE, bolseiro da FCT
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