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140 anos da Comuna de Paris
Em 1871, durante 73 dias, viveu-se a primeira tentativa de organização de um governo popular – A Comuna de Paris.
Há 140 anos, o povo de Paris tomava o poder. Para os representar, os parisienses escolheram, de entre os seus vizinhos e companheiros de trabalho, os homens que haviam lutado nos anos anteriores contra o regime policial e belicista do Segundo Império de Napoleão III, contra a feroz exploração da qual eram vítimas e por melhores condições de vida e de trabalho.
Um terço destes eleitos do povo eram operários. As mulheres e os estrangeiros tiveram uma participação relevante.
Os eleitos da Comuna e o povo de Paris, realizaram uma obra democrática, social, cultural, humanista, considerável que inspirou o conjunto do movimento operário e democrático do século XX e que nos continua a interpelar hoje…
Em algumas semanas, os homens e mulheres da Comuna aprovaram profundas mudanças (a separação da Igreja e do Estado, escola laica gratuita e obrigatória).
A Comuna despertou no mundo inteiro o receio entre as classes e governos conservadores e, ao mesmo tempo as esperanças dos proletários. Foi um acontecimento internacional e exerceu grande influência na evolução política e social de diversos países.
Eça de Queirós no livro O Crime do Padre Amaro, fala-nos da reacção em Lisboa às notícias sobre o acontecimento. "O Chiado lamentava com indignação aquela ruína de Paris". Os burgueses pensavam que " o mundo acabava. Onde se comeria melhor que em Paris? Onde se encontrariam mulheres mais experientes? Onde se tornaria a ver aquele desfilar prodigioso em volta do Bois?" Mas do outro lado alguns moços "aplaudiam a heroicidade da Comuna". "Um rapaz exaltado exclamou: - São grandes homens".
A 27 de Maio no cemitério do Père-Lachaise ou a 28 nas derradeiras barricadas, os últimos partidários da Comuna foram dizimados pela fúria do exército da oligarquia económica e do governo de Thiers.
Mas a atmosfera mítica da Comuna perdurou. Numa época na qual o capitalismo selvagem organiza a supressão de direitos e liberdades, os ideais da Comuna ganham uma flagrante actualidade…
Comentários
Prezadas e prezados,
Prezadas e prezados,
Só posso agradecer a iniciativa de se elucidar os fatos para as gerações mais novas, que infelizmente, quando têm acesso ao fato "Comuna de Paris", o têm somente pelo ponto de vista dos que ainda hoje oprimem o pensamento divergente de uma Esquerda ativa e construtiva.
A Comuna de Paris foi uma precipitação, conforme posto na 1ª Internacional Comunista pelo próprio Marx. Precipitação por ter se antecipado a um apoio massivo da massa de trabalhadores naquela longínqua Europa. O filósofo alemão previu se tratar de um movimento com os dia contados. Mas isso em nada, absolutamente nada, desmerece a resposta ao desgaste da classe trabalhadora frente a um Estado corrompido por uma burguesia emergente, por uma nobreza em vias de falência e um alto clero comprometido em manter a qualquer custo um status quo anacrônico e perverso sobre a população trabalhadora. Deixaram lições e contribuíram com valores que permanecem até os dias de hoje, como a laicidade e os direitos trabalhistas.
Recomendo a quem ainda não leu a edição da Boitempo do livro "Trabalhadores, uni-vos: antologia política da I Internacional", de Marcello Musto. Pode ser de grande valia aos que se iniciam no universo da Esquerda mundial, livres de quaisquer estigmas atribuídos pela mídia comprometida em deformar a História por causa própria.
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