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“Não precisamos de um Portugal que seja praça de jorna”

Comparando o trabalho temporário e a precariedade às praças de jorna dos tempos da ditadura, Francisco Louçã afirmou que Portugal precisa “de uma sociedade de trabalho, de emprego, de respeito” e não de praças de jorna. “Não queremos voltar para trás” enfatizou, num comício em Castro Verde, em que intervieram também Luís Fazenda e Dinis Cortes.
Comício do Bloco em Castro Verde. Foto de Paulete Matos.

“A praça de jorna é uma sociedade ingrata, injusta, em que há quem mande e tem a faca e o queijo na mão e decide tudo sobre o trabalho, a vida, o respeito pelas outras pessoas” declarou Francisco Louçã, sublinhando que “agora essa praça de jorna, que aqui se conhece tão bem no Alentejo, tornou-se Portugal inteiro, com empresas de trabalho temporário que vão aos vossos filhos, que vão aos mais novos e dizem: tu hoje podes trabalhar mas amanhã volta cá. Não sei se podes trabalhar”.

O coordenador da comissão política do Bloco reafirmou também que a primeira medida que o partido apresentará na nova legislatura da Assembleia de República será de combate à precariedade, “para que os mais jovens tenham direito a um trabalho efectivo”.

O comício que se realizou ao final da tarde desta quarta feira foi aberto pela candidatA do Bloco à AR, Lucinda Simões de Castro Verde, que salientou que o Bloco é um espaço de cidadania e acção.

Luís Fazenda fez dois alertas aos alentejanos. O primeiro sobre os cortes que o acordo assinado com o FMI prevê para as Câmaras Municipais e seus quadros de pessoal. O vice presidente da AR considera que estes cortes serão para o Alentejo uma “ameaça gravíssima”, tendo em conta as “dificuldades de desenvolvimento” e a “diminuição drástica do investimento público”. “O Alentejo tem razões para estar mais preocupado, tem razões para se levantar do chão [uma alusão ao livro de José Saramago] contra este acordo com a troika”, afirmou Luís Fazenda, realçando que as medidas previstas pelo acordo vão “contribuir para o envelhecimento” e para a “degradação” da região. O segundo alerta de Luís Fazenda foi a uma escolha consciente dos eleitores perante as declarações de dirigentes do PS, que dizem que “pode fazer acordo com o CDS” e salientou que “horizonte à esquerda não se fará com o CDS”.

Dinis Cortes, médico, candidato independente e cabeça de lista do Bloco pelo círculo de Beja, salientou como propostas do partido para o distrito, para além de “justiça na economia, na justiça, na escola pública e na saúde”, “na agricultura a constituição de um banco de terras de gestão pública”, o “aproveitamento integral do perímetro de rega do Alqueva”, a defesa de “acessos rodoviários não portajados ao interior do distrito”, a “electrificação da via férrea Lisboa-Beja-Funcheira integrada no triângulo de desenvolvimento que contempla o aeroporto de Beja, o porto de Sines e o complexo de fins múltiplos do Alqueva” e a regionalização.

Comício em Castro Verde: "A esquerda faz-se com o povo e com a esperança"

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