Marisa Matias

Marisa Matias

Eurodeputada, dirigente do Bloco de Esquerda, socióloga.

A refundação da Europa, prometida à exaustão nas últimas semanas, é uma farsa. A cimeira agora realizada pouco ou nada trouxe de novo a não ser uma garantia de austeridade muito para além de 2014.

Um dado parece adquirido: foi a maior Greve Geral de sempre tanto no sector público como no privado.

As contas do próprio governo dizem-nos que devemos esperar uma taxa de crescimento média de cerca de 1% até 2050. Uma promessa de miséria a 40 anos.

A cultura dos tempos é aquela que condena tudo ao presente, esquecendo o passado e eliminando o futuro.

O Primeiro-ministro enganou os portugueses e continua a enganar-se a si próprio: para Passos Coelho austeridade é sinónimo de rigor, para quem por ela é afectado é sinónimo de castigo, de brutalidade.

A política de Jardim é a política do medo, a da chantagem. Ao buraco das contas públicas, podem juntar-se o do défice democrático e o da liberdade de expressão.

Seis governos - os da Alemanha, do Reino Unido, da Suécia, da Holanda, da Dinamarca e da República Checa - querem reduzir em 75 por cento o montante dedicado ao europeu de assistência alimentar aos mais carenciados e extingui-lo em 2013.

Ninguém espera que Passos Coelho lidere a política económica europeia. Seria, contudo, dispensável a atitude submissa. Dizer não enquanto a Sra. Merkel disser não e mudar quando esta mudar, é menos do que nada e seguramente bem pouco patriótico.

A sensibilidade social não faz parte da acção governativa. Não há 'passe social +' que o disfarce.

Se o nosso primeiro-ministro está tão interessado em dialogar e almejar a paz social, por que não ouve mais?