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Puigdemont apela à unidade independentista nas urnas
Em entrevista a um programa da rádio pública catalã, feita a partir do exílio em Bruxelas, Carles Puigdemont afirmou que a “única alternativa” para a participação nas eleições de 21 de dezembro é a de constituir uma lista que inclua “toda a gente que está a defender a democracia” contra a aplicação do artigo 155 e a perseguição a governantes, deputados, autarcas, dirigentes de movimentos sociais e professores.
Nos últimos dias, as direções dos partidos que constituem a coligação do governo destituído, PDeCAT e ERC, bem como da Assembleia Nacional Catalã, pronunciaram-se a favor de uma ampla coligação das forças que defendem a independência, o que incluiria também a CUP e setores do Podemos catalão. A direção da ERC sublinhou que no caso de não ser possível formar essa grande coligação, seria preferível que cada força apresentasse listas próprias, de forma a maximizar o respetivo resultado eleitoral. Fica por isso excluída a reedição da coligação Junts pel Sí, que nas últimas eleições catalãs juntou a ERC ao PdeCAT e venceu as eleições sem maioria absoluta, sendo apoiada no parlamento pela bancada da CUP.
Podemos catalão volta a coligar-se com o partido de Ada Colau
Para já, é certo que essa coligação não contará com o Podemos catalão, apesar da vontade do seu líder, agora demissionário, Albano Dante Fachín, que defendeu o diálogo com o campo independentista como a melhor escolha face ao estado de exceção que vigora na Catalunha.
Essa via ficou inviabilizada pela intervenção da direção nacional do Podemos, que decidiu submeter a referendo entre os militantes catalães a proposta de uma coligação com a Catalunya en Comú, de Ada Colau e Xavier Domenech, e outras forças que ao mesmo tempo se oponham à declaração unilateral de independência e ao Artigo 155 que destituiu as instituições do autogoverno catalão.
O resultado do referendo confirmou a proposta defendida por Pablo Iglesias com 72% dos votos, num referendo que teve a participação de 60% dos militantes do Podem catalão. A par do atual líder do Podem, vários dirigentes apresentaram a sua demissão na sequência deste referendo interno.
“A Europa não pode ter presos políticos”, diz Puigdemont
Na entrevista desta terça-feira, Carles Puigdemont voltou a defender que está a ser vitima de “um golpe de estado ilegal” e prometeu recorrer à justiça internacional que “envergonhará Espanha”, tal como sucedeu no caso em que o Tribunal de Estrasburgo condenou Espanha pelas torturas infligidas a 15 independentistas catalães em 1992.
VÍDEO | @KRLS a @maticatradio
"Tot això acabarà als tribunals internacionals i no serà la primera vegada que Espanya passi vergonya" pic.twitter.com/mht16mFE2j— Catalunya Ràdio (@CatalunyaRadio) 7 de novembro de 2017
Sobre a opção de rumar a Bruxelas para escapar à prisão, Puigdemont, que surgiu acompanhado dos outros quatro governantes no exílio, afirmou que “considerámos que nos tínhamos de dividir para poder continuar a ação política e internacionalizar a causa” da independência catalã, mas reconheceu estar preparado para ser extraditado e acabar numa prisão espanhola.
“A Europa não pode ter um governo na prisão ou no exílio”, prosseguiu o líder do governo catalão, considerando que a sua presença em Bruxelas “ajuda os companheiros presos”. Puigdemont acusou o governo espanhol de agir com “ódio e agressividade” e repetiu que continuará a “exigir à Europa que pergunte a Espanha se respeitará o resultado das urnas a 21 de dezembro”. Recordando que ele próprio esteve à beira de convocar eleições para dezembro, Puigdemont afirmou que só recuou nessa vontade quando percebeu que o governo espanhol não iria dar garantias da saída das forças policiais espanholas enviadas para a Catalunha e da libertação dos presos políticos.
Esta terça-feira, cerca de duas centenas de autarcas catalães deslocaram-se a Bruxelas para exigir a libertação dos presos políticos catalães. O protesto teve lugar em frente às instalações da Comissão Europeia.
La veu dels alcaldes i alcaldesses s'ha fet sentir davant la Comissió Europea: #llibertat #majorsforfreedom pic.twitter.com/Aoykp0NuNq
— AMI (@AMI__cat) 7 de novembro de 2017
Entretanto, na Catalunha, prossegue a perseguição judicial aos participantes no referendo de 1 de outubro. A Procuradoria de Barcelona notificou alguns comandos de polícias municipais para responderem por crimes de prevaricação e desobediência. A justiça acusa-os de terem ignorado as ordens judiciais para impedir o referendo em alguns municípios catalães, como Argentona e Badalona, preferindo seguir as instruções dos municípios para que o referendo não fosse impedido. Também um vereador de Badalona, José Tellez, foi notificado para responder às acusações de obstrução à justiça, por ter impedido a apreensão de cartazes a favor do referendo.
Esta quarta-feira vai ter lugar uma greve convocada pela central sindical CSC, com o apoio dos independentistas. As centrais UGT e CCOO não apelam à greve, mas convocaram iniciativas a favor da libertação dos presos políticos ao longo das próximas semanas.
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