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“Não queremos que as reformas sejam apenas para uma minoria”

Catarina Martins afirmou que o Bloco quer fazer parte de uma mudança para que o poder político deixe de ser arrogante e passe a respeitar as pessoas que foram as mais sacrificadas de sempre porque nem tiveram tempo para ser crianças.
Catarina Martins na Assembleia de Trabalhadores. Foto esquerda.net
Catarina Martins na Assembleia de Trabalhadores. Foto esquerda.net

A coordenadora do Bloco participou esta sexta-feira numa Assembleia de Trabalhadores das pedreiras sobre reformas justas que teve lugar na Junta de Freguesia de Perozelo, em Penafiel, e começou por se referir aos distanciamento que muitas vezes o poder político tem em relação às pessoas levando a que muitos temas não sejam sequer debatidos.

“Não se discute boa parte daquilo que diz respeito às vidas que estão aqui a descrever e isso é um dos maiores problemas que temos no país” afirmou a dirigente bloquista que "enalteceu a importância dos decisores políticos dialogarem com as pessoas”.

“É importante vir ter com as pessoas e que estas se organizem para dizer o que está a acontecer e apontar o dedo para dizer que somos gente e exigimos ser tratados com respeito”, realçou a dirigente do Bloco, tendo acrescentado que “pela nossa parte faremos tudo o que pudermos para juntar a nossa à vossa voz e assim fazer justiça às pessoas que têm sido sistematicamente abandonadas”.

“Como sabem o Bloco de Esquerda não está no Governo e por isso não fazemos promessas em relação a coisas que não estão nas nossas mãos”, referiu Catarina que no entanto deixou aos trabalhadores a garantia de uma "determinação firme nas lutas que têm de ser feitas porque disso nunca desistimos".

“O Governo é do PS mas há um acordo parlamentar que nos permite negociar muitas coisas como por exemplo o Orçamento do Estado e neste momento está em cima da mesa de negociações algo que tem a ver com a vossa realidade e que tem a ver com as reformas antecipadas e com o respeito para com as pessoas que tiveram carreiras contributivas muito longas”, anunciou.

Catarina Martins referiu-se depois ao facto de o Governo estar a discutir este assunto na Concertação Social mas disse que o executivo tem toda a legitimidade para legislar sobre a matéria mesmo que os patrões não queiram porque não podemos deixar sempre nas mãos dos patrões a decisão de aceitarem defender ou não os trabalhadores.

“Era o que faltava, nunca se tinha construído nada neste país”, sustentou.

A dirigente do Bloco referiu-se depois de uma forma concreta à discussão que está em curso para dizer as pessoas que têm 48 anos de descontos e 60 de idade podem reformar-se e ter a sua reforma por inteiro tendo chamado a atenção para o facto de esta não ser uma reforma antecipada.

Mas apontou um problema relacionado com esta proposta governamental e que, segundo afirmou, prende-se como facto de o Governo achar que a geração mais sacrificada do país ter começado a a trabalhar com 12 anos embora saibamos que muitos começaram aos 10, aos 11 ou aos 12 mas “só começaram a ter contribuições para a Segurança Social aos 14 anos”.

Por essa razão, disse a coordenadora bloquista, achamos que 48 anos é muito embora muitas pessoas como alguns de vocês tenham começado a trabalhar antes dos 12 anos mas os descontos só raramente começaram a ser feitos antes dos 14 anos.

Respeitar a geração mais sacrificada

“Não queremos que as reformas sejam apenas para uma minoria”, afirmou tendo ainda acrescentado que “é preciso respeitar a geração que foi mais sacrificada neste país e que é aquela que não teve direito a ser criança” porque teve de começar a trabalhar muito cedo.

A dirigente do Bloco disse ainda que há uma dívida que o país tem para com a geração que começou a trabalhar quando ainda era criança e por essa razão é preciso ver a idade em que as pessoas começaram a fazer descontos e essa tem de ser 14 ou 16 anos e não 12 porque assim há muita gente que fica de fora.

 Confrontada com os vários problemas colocados pelos trabalhadores, Catarina Martins disse que é preciso apurar as condições em que as pessoas estão a trabalhar nas pedreiras, se os patrões se estão a comportar como deve ser porque estamos no século XXI e não se pode trabalhar com as mesmas condições que existiam há 50 anos.

A dirigente bloquista sublinhou ainda que no caso dos trabalhadores das pedreiras, os serviços públicos de saúde deveriam fazer um levantamento da situação existente no setor e melhorar o atendimento, sobretudo no que diz respeito ao tempo de resposta relacionado com as doenças de natureza profissional que afetam a maioria destes profissionais.

 

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