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“Não queremos que as reformas sejam apenas para uma minoria”
A coordenadora do Bloco participou esta sexta-feira numa Assembleia de Trabalhadores das pedreiras sobre reformas justas que teve lugar na Junta de Freguesia de Perozelo, em Penafiel, e começou por se referir aos distanciamento que muitas vezes o poder político tem em relação às pessoas levando a que muitos temas não sejam sequer debatidos.
“Não se discute boa parte daquilo que diz respeito às vidas que estão aqui a descrever e isso é um dos maiores problemas que temos no país” afirmou a dirigente bloquista que "enalteceu a importância dos decisores políticos dialogarem com as pessoas”.
“É importante vir ter com as pessoas e que estas se organizem para dizer o que está a acontecer e apontar o dedo para dizer que somos gente e exigimos ser tratados com respeito”, realçou a dirigente do Bloco, tendo acrescentado que “pela nossa parte faremos tudo o que pudermos para juntar a nossa à vossa voz e assim fazer justiça às pessoas que têm sido sistematicamente abandonadas”.
“Como sabem o Bloco de Esquerda não está no Governo e por isso não fazemos promessas em relação a coisas que não estão nas nossas mãos”, referiu Catarina que no entanto deixou aos trabalhadores a garantia de uma "determinação firme nas lutas que têm de ser feitas porque disso nunca desistimos".
“O Governo é do PS mas há um acordo parlamentar que nos permite negociar muitas coisas como por exemplo o Orçamento do Estado e neste momento está em cima da mesa de negociações algo que tem a ver com a vossa realidade e que tem a ver com as reformas antecipadas e com o respeito para com as pessoas que tiveram carreiras contributivas muito longas”, anunciou.
Catarina Martins referiu-se depois ao facto de o Governo estar a discutir este assunto na Concertação Social mas disse que o executivo tem toda a legitimidade para legislar sobre a matéria mesmo que os patrões não queiram porque não podemos deixar sempre nas mãos dos patrões a decisão de aceitarem defender ou não os trabalhadores.
“Era o que faltava, nunca se tinha construído nada neste país”, sustentou.
A dirigente do Bloco referiu-se depois de uma forma concreta à discussão que está em curso para dizer as pessoas que têm 48 anos de descontos e 60 de idade podem reformar-se e ter a sua reforma por inteiro tendo chamado a atenção para o facto de esta não ser uma reforma antecipada.
Mas apontou um problema relacionado com esta proposta governamental e que, segundo afirmou, prende-se como facto de o Governo achar que a geração mais sacrificada do país ter começado a a trabalhar com 12 anos embora saibamos que muitos começaram aos 10, aos 11 ou aos 12 mas “só começaram a ter contribuições para a Segurança Social aos 14 anos”.
Por essa razão, disse a coordenadora bloquista, achamos que 48 anos é muito embora muitas pessoas como alguns de vocês tenham começado a trabalhar antes dos 12 anos mas os descontos só raramente começaram a ser feitos antes dos 14 anos.
Respeitar a geração mais sacrificada
“Não queremos que as reformas sejam apenas para uma minoria”, afirmou tendo ainda acrescentado que “é preciso respeitar a geração que foi mais sacrificada neste país e que é aquela que não teve direito a ser criança” porque teve de começar a trabalhar muito cedo.
A dirigente do Bloco disse ainda que há uma dívida que o país tem para com a geração que começou a trabalhar quando ainda era criança e por essa razão é preciso ver a idade em que as pessoas começaram a fazer descontos e essa tem de ser 14 ou 16 anos e não 12 porque assim há muita gente que fica de fora.
Confrontada com os vários problemas colocados pelos trabalhadores, Catarina Martins disse que é preciso apurar as condições em que as pessoas estão a trabalhar nas pedreiras, se os patrões se estão a comportar como deve ser porque estamos no século XXI e não se pode trabalhar com as mesmas condições que existiam há 50 anos.
A dirigente bloquista sublinhou ainda que no caso dos trabalhadores das pedreiras, os serviços públicos de saúde deveriam fazer um levantamento da situação existente no setor e melhorar o atendimento, sobretudo no que diz respeito ao tempo de resposta relacionado com as doenças de natureza profissional que afetam a maioria destes profissionais.
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