You are here

Há 25 anos, Shell assumia alterações climáticas

Em 1991, a petrolífera Shell realizou um vídeo onde defendia as energias renováveis devido aos riscos do aquecimento global que, afirmava, “não deixaria nenhum país ileso”. No entanto nada fez para alterar as suas políticas em relação a este assunto.
Foto de Steven Straiton. Flickr
Foto de Steven Straiton. Flickr

O vídeo intitulado “Climate of Concern” - Clima de Preocupação - foi produzido para ser divulgado sobretudo em escolas e universidades e foi agora publicado pelo jornal digital holandês, The Correspondent, em colaboração com o jornal britânico The Guardian.

Nele pode ouvir-se a voz do narrador a dizer que “o aquecimento global ainda não é certo, mas muitos acreditam que esperar para ter a prova final seria irresponsável”, sublinhando que “agir agora é visto como o único seguro possível”.

Se for para abordar a ameaça do aquecimento global de forma realística, o futuro terá de ser diferente

O filme produzido pela Shell faz ainda apelo ao recurso à energia solar e eólica como alternativas aos combustíveis fósseis.

“Se for para abordar a ameaça do aquecimento global de forma realística, o futuro terá de ser diferente”, alerta o vídeo.

Os responsáveis pela produção de “Climate of Concern” fazem questão de anunciar que os dados utilizados, bem como as conclusões em que se baseia o alerta estão “apoiados num consenso inédito e alargado de cientistas” que foram responsáveis pela elaboração do primeiro relatório deste teor para as Nações Unidas, em 1990

O Guardian teve acesso a um relatório “confidencial”datado de1986 onde é referido que independentemente das incertezas contidas no estudo sobre o aquecimento global, “as alterações podem ser as maiores de que há registo”.

Em conclusão, pode afirmar-se que o relatório e o vídeo nada têm a ver com a posição que a Shell adotou nos últimos anos uma vez que apesar de se empenhar na realização de várias iniciativas de cariz publicitário alusivos à suas políticas que visam reduzir a utilização de combustíveis fósseis, o Guardian lembra que a empresa holandesa considerou em 2016 o gás de xisto como uma “oportunidade de futuro” tendo ainda gasto 20,7 milhões de euros em ações de lobby visando travar o estabelecimento de metas climáticas batendo-se sobretudo contra as tentativas da União Europeia (UE) em estimular uma maior utilização de energias renováveis.

O ambientalista norte-americano Bill McKibben, disse ao jornal britânico que "o facto de a Shell compreender tudo isto em 1991", e de 25 depois estar envolvida na exploração de petróleo no Ártico, "diz-nos tudo o que precisamos de saber sobre a ética corporativa das indústria das energias fósseis".

What Shell knew about climate change in 1991 – video explainer

 

 

 

Termos relacionados Ambiente
(...)