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Greve: “boa adesão é um sinal claro ao governo”

A deputada Joana Mortágua esteve esta manhã no Liceu Passos Manuel e considerou que "é urgente o governo dar sinais já no próximo orçamento de estado" sobre o descongelamento de carreiras e salários.
Joana Mortágua no Liceu Passos Manuel, por Tiago Petinga/Lusa.
Joana Mortágua no Liceu Passos Manuel, por Tiago Petinga/Lusa.

“Tudo indica que há uma boa adesão da greve por parte dos trabalhadores", disse esta sexta-feira a deputada Joana Mortágua, junto ao Liceu Passos Manuel. "Acho que é um sinal claro ao governo. Um sinal de que o país reconhece os passos que foram dados mas acha que há muito mais a fazer para recuperar rendimentos e para cumprir a expectativa que foi criada com os acordos à esquerda."

E relembrou que "os funcionários da administração tiveram uma longa década de cortes laborais e salariais. Têm os salários bem como as carreiras congeladas há muitos anos, desde 2009."

"O descongelamento de carreiras é uma promessa do governo, está no programa do governo, está nos acordos que o governo fez com o Bloco de Esquerda, e é por isso importante que o governo dê sinais aos trabalhadores de que o país se preocupa com eles. É urgente o governo dar esses sinais já no próximo orçamento de estado. E é urgente porque vem tarde", concluiu.

Segundo a agência Lusa, verificaram-se escolas fechadas em Beja – Escola Básica de Santiago Maior -, e em Loures, a única escola a funcionar foi a escola secundária José Afonso. Em vila Real, a escola EB 2, 3 Diogo Cão, fechou aderindo à greve.

No Algarve, “a grande maioria das escolas estão encerradas ou irão encerrar da parte da tarde porque não têm condições para funcionar”, disse Rosa Franco, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e das Regiões Autónomas.

Na grande Lisboa, vários centros de saúde e USF estão fechados, como por exemplo a Unidade de Saúde Familiar da Venda Nova, na Amadora.

Em Santarém, as escolas Professor Delfim Santos, Filipa de Lencastre ou Pedro Santarém estão encerradas. Já no Porto, dez escolas da cidade estavam encerradas, como por exemplo a Escola Clara de Resende.

Os hospitais de Penafiel, Pedro Hispano (Matosinhos), Vila Nova de Gaia, São João e Santo António, no Porto, estão com adesões acima dos 75%, destacando-se o caso de Vila Nova de Gaia onde a adesão é de “100%

Funcionários públicos perderam até 14% do salário desde 2009

Na última década, o valor do salário da função pública quem 11%. Se o congelamento salarial se mantiver, a função pública está em risco de perder mais 9% do valor do salário até 2021.

Desde 2010 que os trabalhadores da administração pública não têm aumentos, o que, segundo o economista Eugénio Rosa, “faz com que tenham acumulado perdas de rendimento reais superiores a 11%”, escreve o Diário de Notícias. Contabilizando o agravamento de IRS de 2013, o valor sobe para 13 ou 14%, explica ainda.

Em termos práticos, isto significa que, em outubro de 2016, um funcionário público estava a ganhar menos do que em 2010.

Apesar das reposições salariais de 2016 e 2017, que anularam parte dos cortes introduzidos pelo governo de PSD e CDS na função pública, o atual governo não apresentou qualquer aumentos salariais.

Os aumentos da função pública são por isso uma reivindicação central da mobilização que se observa no setor, desde logo pela greve nacional da função pública de hoje.

A FESAP – Federação dos Sindicatos da Administração Pública, anunciou esta quinta-feira que pretende aumentos de 2,5% em 2018. Em declarações ao Diário de Notícias, o secretário-geral da FESAP, José Abraão, justifica a reivindicação antecipada porque “os serviços públicos devem ter os orçamentos fechados até agosto”, por isso, decidiram “colocar já as nossas exigências em cima da mesa para que acomodem subidas de salários e não apenas o reforço de alguns rendimentos por via do descongelamento das carreiras”.

Ana Avoila, da Frente Comum, considera que os aumentos salariais são “um ponto de honra. Não abdicamos nem podemos abdicar de aumentos dos salários e é grave que o Programa de Estabilidade não preveja aumentos até 2021”.

O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) exigiu ainda em 2017 um aumento salarial em linha com a inflação, um objetivo que mantêm para 2018.

O programa de governo prevê que, até 2021, as despesas com pessoal contribuam para a consolidação orçamental com 1,1% do PIB, o que pode significar a manutenção do congelamento salarial.
 

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