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Catalunha: Autarcas pró-referendo juntam-se em Barcelona

Milhares de pessoas aplaudiram este sábado os mais de 700 autarcas ameaçados pelo governo espanhol, que se juntaram na sessão organizada pelo governo catalão. Espanha vai assumir o controlo do Tesouro da Generalitat, enquanto proíbe comícios, apreende cartazes e bloqueia páginas web.
Concentração de apoio aos autarcas em Barcelona. Foto Generalitat/Twitter

Os mais de 700 autarcas ameaçados de destituição pela Procuradoria espanhola,  por se terem disponibilizado a ajudar o governo catalão a organizar o referendo de 1 de outubro, deram este sábado uma resposta conjunta.

Reunidos a convite do presidente da Generalitat e da presidente do parlamento da Catalunha, os autarcas responderam às ameaças do governo do PP com as palavras de ordem “Votaremos!” e “Não temos medo!”

“Este já não é um referendo pela autodeterminação, já se tornou num referendo em defesa da democracia e das liberdades fundamentais”, afirmou o vice-presidente do governo, Oriol Junqueras, que lidera a Esquerda Republicana Catalã.

A sessão foi aberta com a intervenção de Ada Colau, edil de Barcelona, que voltou a censurar as “intimidações e ameaças” do governo espanhol para reprimir o referendo.

“Encontrarão um povo unido para defender os direitos e liberdades”, afirmou a autarca, que na véspera anunciou ter chegado a um acordo com o governo catalão para permitir que se vote em Barcelona no próximo dia 1, sem que isso ponha em risco os funcionários da autarquia.

Esta sessão contou com intervenções de vários autarcas catalães contra a repressão espanhola e não foi esquecido o aniversário do assassinato de Victor Jara, com a leitura de um poema desta figura maior da cultura e democracia chilena.

Na sua intervenção, o presidente do governo catalão agradeceu a firmeza dos autarcas que apoiam o referendo. "Queremos um país onde não proíbam reuniões para debater ideias políticas, um país onde não fechem páginas web que não agradem ao governo em funções, um país de homens e mulheres livres”, afirmou Carles Puigdemont.

“Não subestimem a força do povo da Catalunha”, avisou Puigdemont, dirigindo-se quer ao governo de Rajoy, quer aos políticos que se têm oposto ao direito a decidir.

Espanha anuncia que vai tomar conta do Tesouro catalão

A recusa do governo catalão em apresentar o relatório semanal de despesas ao Tesouro espanhol provocou mais um passo na escalada da tensão entre Madrid e Barcelona. O ministro do Tesouro e Administração Pública  espanhol, Cristóbal Montoro, anunciou esta sexta-feira que o governo do PP vai bloquear as transferências financeiras para a Catalunha, avaliadas em cerca de 1400 milhões de euros por mês, e passar a pagar diretamente os salários e as dívidas aos credores.

A medida foi anunciada como uma forma de impedir que o governo catalão financie as despesas do referendo considerado ilegal pelo governo e pelo Tribunal Constitucional espanhol. E foi acompanhada de uma outra: o Tesouro espanhol deu 48 horas ao líder do governo catalão para apresentar um plano de cortes orçamentais que assegurem o cumprimento do défice previsto para este ano. Caso contrário, ameaça Madrid, será o governo do PP espanhol a decretar esses cortes.

Para o governo catalão, este anúncio não é mais do que a aplicação, de forma encoberta, do artigo da Constituição que permite ao Estado retirar competências de uma Comunidade Autónoma que vá contra a Constituição.

Guardia Civil apreende cartazes, fecha sites, impede comícios e ameaça imprensa

Esta sexta-feira, a polícia espanhola fez rusgas em várias gráficas catalãs, tendo apreendido numa delas 100 mil cartazes do governo a anunciar o referendo.

A Guardia Civil esteve também nas redações de vários órgãos de comunicação impressa e online que têm dado notícias sobre o referendo de 1 de outubro, notificando-os da proibição de publicarem materiais relacionados com o evento.

Prossegue também o bloqueio dos sites criados pelo governo catalão com informações práticas sobre a organização do referendo. À medida que um site é bloqueado, surge em seguida outro com a mesma informação, que a justiça espanhola manda bloquear de imediato.

Várias sessões públicas de apoio ao referendo foram proibidas ou interrompidas em Gijón, Vitoria e Vall d’Aran. Uma iniciativa semelhante já fora proibida esta semana em Madrid, provocando protestos de várias forças políticas.     

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