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Barrinha de Esmoriz ganha nova vida mas mantêm-se as preocupações ambientais!

O atual cenário paisagístico proporcionado pela rede de passadiços e todas as atividades que vão sendo promovidas na laguna, fazem a Barrinha ganhar nova vida. Mas os focos de poluição que continuam a correr para este espaço natural ainda não deixaram de preocupar. Texto e fotos de José Lopes.
O atual cenário paisagístico proporcionado pela rede de passadiços e todas as atividades que vão sendo promovidas na laguna, fazem a Barrinha ganhar nova vida - foto de José Lopes
O atual cenário paisagístico proporcionado pela rede de passadiços e todas as atividades que vão sendo promovidas na laguna, fazem a Barrinha ganhar nova vida - foto de José Lopes

Com assumido atraso na empreitada de desassoreamento da Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos (BELP) reconhecido, aliás, pela Sociedade Pólis que veio sugerindo medidas de correção para recuperação de tal atraso – o que só deverá acontecer após o final da época balnear, dados os inconvenientes ambientais numa praia com galardão da Bandeira Azul – o atual cenário paisagístico proporcionado pela rede de passadiços e todas as atividades que vão sendo promovidas na laguna, como experiências da modalidade náutica do Supsurf, proporcionando a navegabilidade pelos canais em cima de pranchas, fazem a Barrinha ganhar nova vida. Mas os focos de poluição que continuam a correr para este espaço natural ainda não deixaram de preocupar.

A rede de passadiços que vieram facilitar as acessibilidades à Barrinha, tanto do lado de Esmoriz como de Paramos, com ligações entre margens destas duas freguesias dos concelhos de Ovar e de Espinho, tornaram-se fator de grande afluência de visitantes que ali procuram uma paisagem natural que foi resgatada ao abandono de várias décadas, destruída pela poluição que lhe tirou vida, matando espécies de peixes que foram fonte de rendimento, de famílias de pescadores locais, que ali trabalhavam no inverno. Cenário de um passado recente que o projeto de requalificação da Pólis ainda inacabado, veio dar esperança de qualidade de vida, usufruída agora por quem diariamente calcorreia a área recuperada e não quer voltar assistir à sua degradação e poluição.

Os potenciais focos de poluição que persistem, quer através da Ribeira de Rio Maior ou da Vala de Maceda, bem como da poluição difusa que resulta de ligações clandestinas de esgotos e afluentes à rede coletora de águas pluviais que acabam a desaguar na laguna. São riscos que se mantêm em contracorrente às obras de desassoreamento de lamas com elevados custos, que passaram a ter a pressão da denúncia pública como resultado deste movimento e atividades no ambiente da Barrinha, que não deixará de potenciar um necessário despertar da consciência ambiental sobre os problemas que permanecem e permanecerão por resolver no seguimento das obras de requalificação ainda com todas as suas vicissitudes.

Barrinha de Esmoriz – Foto de José Lopes
Barrinha de Esmoriz – Foto de José Lopes

Foi, aliás, com esta convicção, de uma “salutar participação cívica e sensibilização ecológica que a requalificação da Barrinha permitirá, aos olhos dos visitantes que se multiplicam para usufruírem de uma paisagem natural devolvida às comunidades”, que o Bloco de Esquerda viu ser aprovada por unanimidade uma proposta de recomendação na sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Ovar, no dia 13 de julho, com votos do PSD, PS e PCP, em que se alerta para “as fontes poluidoras que continuam numa atitude negligente a lançar para a laguna águas residuais nauseabundas, que aqui queremos trazer a debate, tanto mais quando a Pólis reconhece, que sobre as fontes poluidoras, o seu controlo/fiscalização, extravasa a área de atuação desta sociedade”.

Ribeira de Rio Maior, Barrinha de Esmoriz – Foto de José Lopes
Ribeira de Rio Maior, Barrinha de Esmoriz – Foto de José Lopes

Foi, assim, perante uma paisagem natural renovada e atrativa, que ganha nova vida, por enquanto mais ao nível de espaço de lazer para diferentes atividades lúdicas e desportivas, que a Assembleia Municipal de Ovar se uniu para recomendar ao executivo da Câmara Municipal de Ovar que envolva, “os executivos municipais de Espinho e de Santa Maria da Feira (e exigir destes) numa estratégia integrada com vista à resolução do problema relativo à poluição dos principais afluentes da BELP, em particular a Ribeira de Rio Maior e a Vala de Maceda. Ambos os municípios englobam no seu território parte da bacia hidrográfica da BELP e seus afluentes e têm por isso responsabilidades na resolução deste problema”.

A recomendação reivindica também “ao Governo Português, em particular do Ministério do Ambiente e da Agência Portuguesa do Ambiente, as diligências necessárias para a fiscalização, identificação das situações irregulares e resolução deste grave problema ambiental, não só na BELP mas também em toda a extensão dos seus afluentes”.

Barrinha de Esmoriz – Foto de José Lopes
Barrinha de Esmoriz – Foto de José Lopes

Esta proposta de recomendação que o Bloco de Esquerda levou a debate e teve o apoio de todas as forças partidárias na Assembleia Municipal de Ovar, assumia mesmo que, “se a dragagem em si não é a raiz do problema mas o culminar de um problema com décadas de existência e poderá até ser considerado um mal necessário, a solução atual ignora por completo o princípio do poluidor pagador. Na verdade, os poluidores que poluíram este ecossistema durante anos não são os atuais pagadores da sua atitude negligente e, em muitos casos, criminosa. Por sua vez, os não poluidores, contribuintes, residentes e visitantes da BELP e das praias do nosso concelho pagam agora esta pesada fatura. Pagam porque a obra custa dinheiro ao erário público e pagam porque a obra lhes custa qualidade de vida”, por isso o Bloco não entende que, “estando a ser feito este esforço e este investimento, com sacrifício de todos – se continue a ilibar de responsabilidades os principais responsáveis por esta situação”.

Barrinha de Esmoriz – Foto de José Lopes
Barrinha de Esmoriz – Fotos de José Lopes

A esta inquietação para a qual os cidadãos estão inevitavelmente mais despertos e conscientes da necessidade de preservarem uma paisagem natural em fase de recuperação, que pode ser diretamente acompanhada e monitorizada ao longo de toda a área da laguna como resultado do sistema de passadiços e pontes. Os deputados municipais deste órgão autárquico de Ovar responderam com unanimidade, tais são os elementos de prova da poluição que corre com particular incidência através da Ribeira de Rio Maior com origem em Santa Maria da Feira e passagem por Espinho que acaba igualmente afetado pela não menos importante e umbilical relação com a BELP.

Texto e fotos de José Lopes. Artigo publicado em etcetaljornal.pt

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