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Sindicatos acusam o governo de eleger “as mesmas vítimas de sempre”

As críticas a mais austeridade para trabalhadores e reformados têm eco nas diversas estruturas sindicais. CGTP e UGT, bem como as estruturas sindicais que representam professores, médicos e enfermeiros, militares, polícias, magistrados, funcionários judiciais e trabalhadores de impostos, entre outros, acusam o governo de atacar o Estado Social e de eleger “as mesmas vítimas de sempre”.
Foto de Paulete Matos.

O líder da CGTP, Arménio Carlos, não tem dúvidas: o novo pacote de austeridade recai sobre "as vítimas de sempre: os reformados e os trabalhadores", mas "nunca abrange a despesa parasitária, nem prevê medidas de combate à fraude e evasão fiscal".

Já o secretário-geral adjunto da UGT, Nobre dos Santos, afirmou-se "indignado" com as medidas do governo, que considera "inqualificáveis".

Trabalhadores da Função Pública são “alvos a abater”

A coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, Ana Avoila, classificou de “escandaloso” e “chantagista” o programa de rescisões por mútuo acordo na Função Pública. No setor público, “um trabalhador é um alvo a abater. Rescinde e nunca mais pode trabalhar no Estado”, frisou.

Nobre dos Santos, coordenador da Frente Sindical da Administração Pública (FESAP) afeta à UGT, referiu que “parece que isto é uma brincadeira de garotos”. “Eu costumo dizer que de Futebol e de Administração Pública toda a gente fala, até o governo”, disse.

O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) apontou, por sua vez, o dedo às derrapagens na despesa pública do ano passado, que "nada tiveram a ver com a despesa com o pessoal, mas sim com o setor financeiro, com destaque para o BPN". No que respeita ao anúncio de uma nova vaga de austeridade, o STE frisou: “É a espiral recessiva que se instala, é o desastre".

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) afirmou ainda que "depois da declaração de guerra que o primeiro-ministro dirigiu a todos os funcionários públicos e pensionistas de Portugal, seria absurdo continuar a ignorar a agressão contínua a que temos estado sujeitos por este Governo".

"Autêntico 'tsunami' na função pública”

Segundo o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), Fernando Jorge, as medidas anunciadas por Passos Coelho são um "autêntico 'tsunami' na função pública".

Rui Cardoso, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SNMP), lamentou que o governo penalize outra vez os que "já mais contribuíram" e mantenha "intocadas as escandalosas rendas do setor energético e as rendibilidades injustificadas das parcerias público-privadas".

Governo quer “matar o doente com a cura que lhe é oferecida”

As associações de militares e polícias, como a Associação de Oficiais das Forças Armadas, a Associação Nacional de Sargentos, Associação Sindical dos Profissionais de Polícia e a Associação dos Profissionais da Guarda, rejeitam o aumento da idade da pré-reforma para os 58 anos e prometem dar luta às intenções de um Governo que quer “matar o doente com a cura que lhe é oferecida”.

“Terrorismo laboral e social”

“Estamos numa situação de perfeito terrorismo laboral e social”, afirmou Mário Jorge Neves, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) prometeu "uma veemente contestação" dos enfermeiros às medidas anunciadas pelo Governo.

Cortes na Educação são um "crime social”

Segundo adiantou o responsável da Fenprof, Mário Nogueira, “O governo é responsável por um crime social, mas também por um crime educativo porque vai pôr em causa a qualidade de desempenho dos professores e com isso prejudicar os alunos”.

Para o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), João Dias da Silva, as medidas anunciadas são “mais um pacote doloroso de medidas de austeridade”, que dão continuidade à “desvalorização dos trabalhadores” e à desresponsabilização do Estado.


 

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Neste dossier:

Resposta social à nova vaga de austeridade

O primeiro ministro anunciou ao país uma nova vaga de austeridade, que constitui um verdadeiro ataque aos trabalhadores da Função Pública e aos pensionistas e que põe em causa o Estado Social. No dia 1 de junho, tod@s são convocad@s a “juntarem-se num protesto internacional contra a troika e contra a austeridade”. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

Passos ataca Função Pública e anuncia novo saque às pensões

No seu discurso ao país, o primeiro-ministro não se referiu uma única vez ao desemprego, mas anunciou o despedimento de 30 mil funcionários públicos, pondo os restantes a trabalhar mais horas por menos salário. As reformas aos 65 anos passam a ser penalizadas e os pensionistas serão sujeitos a um novo imposto. 

Cortes nos ministérios e setor empresarial do Estado atingem 1,22 mil milhões de euros

Segundo a tabela que consta na carta que Pedro Passos Coelho enviou à troika, e que foi publicada no site do Diário de Notícias, os cortes na despesa nos ministérios e setor empresarial do Estado atingem 1,22 mil milhões de euros até 2015. Ministérios da Educação e Segurança Social são os mais afetados.

Passos diz à troika que idade de reforma vai aumentar ainda mais

A carta que o primeiro-ministro enviou à troika não bate certo com o que disse ao país. E os motoristas de passageiros querem saber como podem continuar a trabalhar aos 66 anos, se a sua carta de condução caduca aos 65. 

“Com mais austeridade não haverá equilíbrio das contas públicas”

João Semedo alertou esta segunda-feira que com as novas medidas de austeridade “não haverá crescimento económico, não haverá equilíbrio das contas públicas, haverá recessão e empobrecimento generalizado do país”. Acusou o Governo de tentar iludir os portugueses, ao insistir que o problema da economia do país é o peso do Estado. O coordenador do Bloco defendeu ainda o corte nos juros e na dívida, por serem gastos de dinheiros públicos “sem qualquer utilidade”.

Sindicatos acusam o governo de eleger “as mesmas vítimas de sempre”

As críticas a mais austeridade para trabalhadores e reformados têm eco nas diversas estruturas sindicais. CGTP e UGT, bem como as estruturas sindicais que representam professores, médicos e enfermeiros, militares, polícias, magistrados, funcionários judiciais e trabalhadores de impostos, entre outros, acusam o governo de atacar o Estado Social e de eleger “as mesmas vítimas de sempre”.

Movimentos acusam governo de destruir o país

A Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados acusa o governo de fazer dos reformados o seu “alvo preferencial”. Medidas de austeridade representam, para representantes do Congresso Democrático das Alternativas, uma "espiral de harmonização do retrocesso civilizacional". Precários Inflexíveis adiantam que o executivo apresentou “um plano de continuação de destruição do país”.

CGTP marca protesto para dia 25 de maio para exigir a demissão do governo

“Todos a Belém! Governo Rua!” é o lema da concentração anunciada no final das comemorações do 1º de Maio pelo secretário geral da CGTP, Arménio Carlos. A iniciativa terá lugar no dia 25 de Maio, pelas 15h30, em frente ao Palácio de Belém.

1 de junho: Manifestação internacional contra a austeridade

No dia 26 de abril, o movimento Que Se Lixe a Troika promoveu uma reunião com ativistas de vários países durante a qual foi agendada uma manifestação internacional, a realizar-se no dia 1 de junho sob o lema Povos Unidos Contra a Troika. O esquerda.net transcreve, neste artigo, o comunicado divulgado após esta reunião.

1 de junho: “De Norte a Sul da Europa, tomemos as ruas contra a austeridade!”

Menos de duas semanas após o anúncio da realização da manifestação internacional de 1 de junho, foram já convocadas iniciativas para dezassete cidades portuguesas, bem como para Madrid, Barcelona, Galiza, Castro-Urdiales, Paris, Haia, Milão, Florença, Frankfurt, Viena, Londres, Zagreb, Dublin, Bruxelas e Atenas. Foram ainda criados vários "cartazes virtuais" que são partilhados nas redes sociais. O esquerda.net disponibiliza neste artigo a lista de manifestações já convocadas e algumas das imagens que estão a ser partilhadas. Última atualização a 31.05.2013 pelas 11h20.

Mélenchon apela à participação na manif internacional de 1 de Junho

Jean-Luc Mélenchon, ex-candidato presidencial da Front de Gauche e líder do Parti de Gauche, apelou esta segunda-feira à participação na manifestação internacional - “Povos Unidos contra a Troika” – a decorrer no próximo dia 1 de Junho.

Fenprof apela à participação na manifestação internacional "Povos Unidos Contra a Troika"

O líder da Fenprof, Mário Nogueira, apelou, no final do 11º Congresso desta estrutura sindical, que teve lugar nos dias 3, 4 e 5 de maio, à participação na manifestação internacional "Povos Unidos Contra a Troika", agendada para dia 1 de junho.

Ativista espanhola sublinha importância da manifestação internacional de 1 de junho

Silvia Pineda, ativista da plataforma espanhola Marea Ciudadana, sublinhou, em declarações ao esquerda.net, a importância da internacionalização da luta contra a ditadura da dívida e a troika, e referiu que o 1 de junho foi estabelecido como a data para “a primeira mobilização conjunta”.