Está aqui

Professores em luta contra a prova de avaliação

A contestação ganha cada vez mais força e as formas de protesto diversificam-se: concentrações, abaixo-assinados, recusas individuais de professores convidados para serem classificadores, posições de escola. Todos estes protestos têm um objetivo comum: “travar” a prova de avaliação.
Foto de Paulete Matos.

No início de novembro, um grupo de professores contratados e desempregados entregou no Ministério da Educação um “Teste de ingresso na carreira de ministro da Educação ”, destinado a Nuno Crato, no qual questionavam o governante sobre, por exemplo, “em que condições deve o Estado financiar os colégios privados? ” e “qual o número ideal de alunos por turma? ”.

Poucos dias depois, um grupo de um grupo de professores contratados promoveu um protesto nas galerias do plenário da Assembleia da República durante a audição do ministro, exibindo notas de 20 euros, o valor exigido para a realização da prova de avaliação.

A 16 de novembro, cerca de 500 professores manifestaram-se em frente à Assembleia da República, em Lisboa e exigiram “respeito”. Durante o protesto, os docentes queimaram cópias dos diplomas e de notas de 20 euros. Realizaram-se nesse mesmo dia manifestações em Braga, Coimbra, Santarém e Évora.

Os professores voltaram a manifestar-se em Coimbra, Viseu, Lisboa, Évora, Porto e Viana do Castelo, entre os dias 25 e 30 de novembro, dando corpo aos protestos convocados pelo movimento Todos contra a prova, criado pela FNE.

Estes foram alguns dos momentos de contestação nas ruas contra a prova de avaliação, a que se somaram abaixo-assinados, como o que foi promovido pelos professores da Escola Secundária Francisco de Holanda, de Guimarães, posições públicas de escolas contra a medida e a recusa, por parte de vários professores do quadro, a serem “classificadores” dos colegas na prova (ler artigo Cresce a revolta contra a prova de avaliação dos professores que não pertencem aos quadros).

Sindicatos unem-se para “travar” a prova de avaliação

Numa reunião que teve lugar no dia 23 de novembro, os sindicatos de professores decidiram unir-se e agir conjuntamente para “travar a prova”.

“Decidimos convergir em todas as ações que estavam previstas, para terem ainda mais força e criar-se a mesma dinâmica da greve de professores que aconteceu em junho. O que era de um passa a ser de todos”, afirmou o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, em declarações à Lusa.

A prova de avaliação docente “não é um problema só dos professores contratados, mas de todos os professores”, frisou ainda o dirigente sindical logo após o encontro, onde participaram também a Federação Nacional de Educação (FNE), o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), o Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (SINAPE), o Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados pelas Escolas Superiores de Educação e Universidades (SEPLEU), Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU), o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE), o Sindicato dos Educadores e Professores do Ensino Básico (SIPPEB) e a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL).

A ANVPC – Associação Nacional dos Professores Contratados, num comunicado datado de 20 de novembro, também sublinha que “os professores contratados portugueses devem agora, mais do que nunca, participar massivamente em todas as ações públicas de luta contra a aplicação da prova referida”.

As estruturas representativas dos professores contam com uma “grande presença” na Assembleia da República a 5 de dezembro, dia em que vai decorrer a discussão e aprovação em plenário do decreto-lei da prova de avaliação docente.

Caso a prova venha a ser aprovada, os sindicatos planeiam entregar, no dia 6 de dezembro, no Ministério da Educação e Ciência, os pré-avisos de greve para o dia da sua realização, a 18 de dezembro.

(...)

Neste dossier:

Professores precários

Neste dossier, o esquerda.net publica um conjunto de artigos nos quais é abordada a precarização da profissão docente, os sucessivos ataques à Escola Pública promovidos pelo governo PSD/CDS-PP e alguns dos momentos de contestação dos professores que marcaram os últimos dois anos. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

Cronologia: Dois anos na defesa da Escola Pública contra a troika

Neste artigo, o esquerda.net publica uma breve cronologia na qual são abordados os sucessivos ataques à Escola Pública e alguns dos momentos de contestação que marcaram os últimos dois anos. Dados compilados por Mariana Carneiro e Belandina Vaz.

Professores em luta contra a prova de avaliação

A contestação ganha cada vez mais força e as formas de protesto diversificam-se: concentrações, abaixo-assinados, recusas individuais de professores convidados para serem classificadores, posições de escola. Todos estes protestos têm um objetivo comum: “travar” a prova de avaliação.

Ministério da Educação recua e paga compensação por caducidade de contrato

Depois de centenas de condenações em tribunal, o governo teve de recuar e dar indicações às escolas no sentido do pagamento das compensações por caducidade aos professores contratados em 2012. A Federação Nacional de Educação (FNE) congratulou-se com a decisão mas lamentou que o executivo PSD/CDS-PP tenha “esquecido” todos os outros docentes.

Guia de prova para professores é “inutilidade” e “idiotice”, dizem sindicatos

Para a Fenprof, o guia da prova de acesso à carreira de docente é uma “idiotice”. Para a FNE, trata-se de uma "inutilidade" que "desconsidera" o trabalho realizado pelos docentes. A Associação dos Professores Contratados considera, por sua vez, que este é “mais um comprovativo do retrocesso educacional”.

A Educação na era da Troika

A redução brutal do número de professores nas escolas, a mutação dos Contratos Simples para um puro modelo de cheque-ensino e a subversão da rede escolar introduzindo um conceito de concorrência entre escolas públicas e privadas ao invés da complementaridade até hoje em vigor são alguns dos indicadores do que é a Educação na Era da Troika.

Comissão Europeia quer revisão de condições de professores a prazo em Portugal

Notificação dá dois meses ao governo português para adotar medidas contra a discriminação que sofrem os professores contratados, como o emprego precário e o salário inferior ao dos professores do quadro com funções equivalentes.

Despedir para reinar

Dois anos e meio de Troika. Dois anos e meio de Governo PSD/PP. Demasiado tempo a dar cabo da Escola Pública.

Piquetes para derrotar a prova

Os professores têm vinte dias para organizar uma vitória contra a prova de Nuno Crato. Ela é possível. Derrotar a prova é derrubar Crato. Artigo de Miguel Reis e Belandina Vaz.

No comboio descendente

Os “novos” docentes em transumância (ou retornados; tendo em conta os antigos “docentes desterrados”) ajudam a manter as gasolineiras e a CP, a quem este ano deram um novo fôlego. Artigo de Sílvia Pereira. Artigo de Sílvia Pereira.

Os Contratados Anónimos

“Chamo-me Adriana Guerreiro e sou professora contratada”. Assim poderia começar uma qualquer reunião de “contratados anónimos”, viciados em filas da Segurança Social, topo de uma pirâmide precária, muito mais precária do que piramidal… O desemprego teima em estar sempre por perto, lembrando diariamente que a “oferta” de escola é um presente do destino, mas nunca um futuro. Artigo de Adriana Guerreiro.