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Os primeiros CDs

“A música que faço não se dá bem com a lógica de uma multinacional que, onde aposta, tem que ver de imediato garantias de vendas muito rápidas.”
Salsetti, o primeiro CD

Salsetti”: Gravei-o (de facto o meu primeiro disco) em 1994, tinha 23 anos. A editora foi a Groove-Movieplay, talvez a primeira editora de jazz portuguesa. Éramos seis músicos - o Perico, os irmãos Rossy (o Mário e o Jordi), o Bob Sands e o José Salgueiro, percussionista português e o homem mais criativo que alguma vez conheci. Houve ainda a participação especial de um músico cubano, a residir nos Estados Unidos, Paquito d'Rivera (clarinete e saxofone alto). Como, então, sentíamos uma grande atracção pelos ritmos afro-cubanos (nomeadamente a salsa), o Paquito propôs este título simbiótico e revelador (também a alcunha que me arranjou!), que não foi suficiente para atrair muitos ouvintes.

Mundos”: “Veio em 1996, com muitos dos músicos do "Salsetti", mais uns tantos, como a Lucrécia, uma cantora cubana. Antes da gravação do disco e quando o Paquito d'Rivera ficou a tomar conta da United Nations Orchestra (uma "big jazz band"), fundada pelo Dizzie Gillespie, fui por ele convidado a integrar essa orquestra e a participar nuns concertos pela Europa. Assinei, entretanto, um contrato por três anos com a Polygram (agora Universal), saiu o "Mundos" e aquela relação correu mal. A música que faço não se dá bem com a lógica de uma multinacional que, onde aposta, tem que ver de imediato garantias de vendas muito rápidas. Isso não aconteceu com o "Mundos" e o contrato foi rescindido, com muito boa aceitação de ambas as partes. Foi depois disso que estive seis anos sem gravar. Até 2001.

Entrevista a Maria João Seixas para o Público, 18 de dezembro de 2005

Bernardo Sassetti - Señor Cáscara

Perico Sambeat "Baladas"

(...)

Neste dossier:

Vamos ouvir Sassetti!

“Ouçam [a minha música], tentem compreender, gostar, partilhar”, disse o pianista e compositor Bernardo Sassetti, numa das suas últimas entrevistas. Falecido prematuramente aos 41 anos, que melhor homenagem fazer-lhe que não seja ouvir a sua música? Neste dossier, procuramos traçar um percurso, baseado nas palavras do próprio Sassetti, acompanhados de links para vídeos de apresentações e músicas. Dossier de Luis Leiria.   

Sassetti tinha uma aura muito forte, uma maturidade impressionante

Carlos Barreto (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria), integrantes do trio de Bernardo Sassetti durante quase 15 anos, evocam o pianista falecido prematuramente e homenageiam a pessoa séria, bem humorada, competente e multifacetada.

Quem é

Um terrestre à procura de qualquer coisa, sobretudo na música, que ainda não sabe muito bem o que é.

Influências: Bill Evans

Em 1983, Sassetti estudava no Passos Manuel, tinha aulas particulares de piano e solfejo e um gosto especial pela música clássica. Um programa da RTP2, Jazz Magazine, que exibiu um concerto do pianista Bill Evans, fê-lo abraçar o Jazz.

A paixão pelo Jazz

Devia ser considerado um adolescente diferente, não especial, mas diferente, já que, em vez de ouvir os sons da época, passava as horas ligado a Duke Ellington e a Thelonius Monk.  

Os primeiros CDs

 

“A música que faço não se dá bem com a lógica de uma multinacional que, onde aposta, tem que ver de imediato garantias de vendas muito rápidas.”

O trio

O Carlos Barretto e o Alexandre Frazão fazem parte da minha vida de uma forma magnífica. Eles são uma inspiração. 

O duo com o Mário Laginha

“A empatia que partilho com o Mário, de concerto a concerto, tem sido muito enriquecedora para mim.”

3 pianos

"O Bernardo é um grande impulsionador de um lado caótico.” Bernardo Sassetti veste uma expressão mais interrogativa que surpreendida, e todos se riem.  

Música para cinema: “Alice”

“A meu ver, o som deste filme representa o silêncio interior de um pai vs. o som agressivo que o rodeia diariamente na cidade de Lisboa.”

A música

"Uma vez até atingi aquilo de que muitos músicos já me falaram, que é o estado Alfa … é um estado em que já não se sente o próprio corpo. Está-se a fazer, sabe-se o que se está a fazer, mas já não se sente o corpo, perde-se a noção de estar ali."