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O Empregado do Mês

A doutrina - não perder tempo com o que se faz mal - percebe-se melhor quando é remunerada. Precisamente, Vitalino Canas é um assalariado da associação das Empresas de Trabalho Temporário, que o nomearam "provedor do trabalho temporário".
Opinião de Jorge Costa.

Vitalino Canas, porta-voz nacional do PS, foi "o empregado do mês" deste Março em que se assinalam 3 anos de governo PS. É ele o autor da frase que marcou a data: "quando se fazem balanços é para realçar aquilo que se fez bem. E foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizermos mal". A doutrina - não perder tempo com o que se faz mal - percebe-se melhor quando é remunerada. Precisamente, Vitalino Canas é um assalariado da associação das Empresas de Trabalho Temporário, que o nomearam "provedor do trabalho temporário". O objectivo, como diz, é "melhorar a imagem do sector" e, claro, receber queixas de trabalhadores temporários. Este mês, o provedor Vitalino foi estrela de relações públicas num evento da associação patronal...

De facto, Vitalino é um encartado representante deste lobby. Há um ano, na votação parlamentar da lei do trabalho temporário, apresentou uma indignada declaração de voto contra a falta de liberalismo do diploma: "é com inquietação que constato que, em aparente contraciclo, o novo regime de trabalho temporário é mais restritivo do que aquele que o PS apresentou inicialmente. (...) É o caso da responsabilidade do utilizador por dinheiros devidos ao trabalhador quando a ETT não lhe paga. Que utilizador quer correr esse risco?". Vitalino denunciava também a limitação dos contratos de trabalho temporário a um máximo de dois anos (e de um ano se a justificação do contrato for acréscimo excepcional da actividade), quando no projecto inicial do PS o prazo era de três anos. E concluía: "Não é de esperar que, perante estes obstáculos, as empresas optem por soluções ‘habilidosas', menos transparentes, de trabalho ilegal sem grandes hipóteses de fiscalização?" O porta-voz nacional do PS conhece de perto a delinquência patronal...

No Diário Económico, o jornalista João Paulo Guerra foi certeiro na análise: "o rótulo ‘socialista' em Portugal engloba as concepções de vida e de sociedade mais distantes dos ideais de solidariedade que inspiraram as doutrinas sociais. Um socialista português de hoje pode achar curto em matéria de despedimentos o pacote laboral de Bagão Félix. Como pode não ver qualquer conflito de interesses entre representar o povo e trabalhar para o patronato do trabalho temporário"...

Jorge Costa

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Neste dossier:

Precariedade

A precariedade laboral envolve em Portugal mais de 1.800.000 trabalhadores. O próprio Estado promove a precariedade, violando as leis. O ministério do Trabalho e da Solidariedade Social é promotor de falsos recibos verdes. O porta-voz do partido do governo é provedor das empresas de trabalho temporário...
 

Testemunho: IEFP

Inicialmente contrataram-me por três meses, depois sucederam-se os contratos sempre precários até perfazer três anos, findos os quais me disseram que não havia possibilidade de fazer contratação directa em virtude do congelamento das admissões na função pública. Não estou a falar de um instituto qualquer mas sim do Instituto de Emprego e Formação Profissional... Testemunho publicado no blogue do Ferve (Fartos destes recibos verdes)

Testemunho: Centros Novas Oportunidades

Há dois anos que presto um serviço num Centro Novas Oportunidade, também aqui a recibos verdes, com um limite de horas semanais. E um valor hora de 10 euros.
Testemunho publicado no blogue do Ferve (Fartos destes recibos verdes)

A precariedade nos centros comerciais agravou-se nos últimos anos

Nos meses de Setembro e Outubro de 2007, o CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal realizou novo Inquérito junto dos trabalhadores dos Centros Comerciais no Porto e Grande Porto para avaliar das condições de vida e de trabalho destes trabalhadores. Foram distribuídos 2.560 Inquéritos e recebemos 520 respostas.
Texto do CESP

Os números da precariedade

Os números da precariedade do 4.º trimestre de 2007 mostram que existem em Portugal 1.839.400 trabalhadores precários. A precariedade distribui-se da seguinte forma:
900.100 trabalhadores por conta própria (na esmagadora maioria falsos recibos verdes); 684.800 contratados a termo; 187.900 em outros tipos de contrato precário; 66.600 em subemprego visível.
Texto de José Casimiro

ETT’s e Call centers

"Como é possível continuarem a proliferar contratos de trabalho a termo incerto e certo (à semana, mês, etc.) através de ETT's e Outsourcings quando efectivamente se tratam de serviços permanentes de telecomunicações, como é o caso do Apoio ao Cliente nos Call e Contact Centers?
Artigo de José Casimiro

A Precariedade em Portugal, alguns números sobre muitas pessoas

Intermitência trabalho/não-trabalho, subemprego, alteração permanente do tipo de vínculo (estágio, ETT, recibo verde, contrato a prazo...) - a descontinuidade é a única regra do mundo do trabalho liberal. Em Portugal, um em cada quatro está ‘por conta própria', um em cada três não tem contrato permanente. Precariedade significa menos salário: em média, os precários recebem menos 26% do que os trabalhadores permanentes [1]. É por isso que um em cada sete trabalhadores vive na pobreza [2].

Texto do blogue Precários Inflexíveis

A precariedade no YouTube

Selecção de vídeos contra a precariedade: Acção do grupo Mayday na baixa de Lisboa, a 15, Março 2008; Entrega de uma petição com cerca de 5000 assinaturas do movimento Fartos/as d'Estes Recibos Verdes (FERVE ) para acabar com o silêncio sobre a situação laboral dos precários; André Soares fala ao Esquerda.net sobre como nasceu e o que pretende o FERVE

A precariedade no YouTube (2)

Mais três vídeos: reportagem realizada da SIC sobre a precariedade; despedimento de uma jornalista precária do Expresso; Mayday Lisboa 2008 lança oficialmente do Certificado de Precariedade.

42% das ETT não paga à Segurança Social

Das 295 empresas de trabalho temporário (ETT) legalizadas, 123 foram apanhadas pela auditoria da segurança social. As dívidas dizem respeito a 2007 e ascendem a 114,6 milhões de euros, num negócio com um volume de vendas de 750 milhões. Quase metade das empresas devedoras não quis regularizar a situação.

O Empregado do Mês

A doutrina - não perder tempo com o que se faz mal - percebe-se melhor quando é remunerada. Precisamente, Vitalino Canas é um assalariado da associação das Empresas de Trabalho Temporário, que o nomearam "provedor do trabalho temporário".
Opinião de Jorge Costa.