O Conflito sobre Almaraz, Retortillo e a transição energética

Portugal poderá sofrer os efeitos de possíveis fugas radioativas da central nuclear de Almaraz (Cáceres) e da mina de urânio de Retortillo. Artigo de Francisco Castejón (coordenador do Movimento Ibérico Antinuclear), que participará no debate “O Conflito sobre Almaraz, Retortillo e a transição energética”, com Pedro Soares, no Fórum Socialismo 2017.

23 de agosto 2017 - 22:52
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Portugal poderá sofrer os efeitos de possíveis fugas radioativas da central nuclear de Almaraz (Cáceres) e da mina de urânio de Retortillo

O mundo encontra-se num momento chave para decidir o seu novo modelo energético e a Península Ibérica não é exceção. Após a assinatura do Acordo de Paris, os países da União Europeia apresentarão, no início de 2018, uma estratégia para combater as alterações climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (GEE). Isto significa que, neste momento, estão a tomar-se decisões fundamentais que marcarão o modelo energético durante décadas.

O papel que terá a energia nuclear é um elemento de vital importância. O Governo do Partido Popular espanhol aposta na manutenção das centrais nucleares em funcionamento até aos 60 anos, o que tem implicações óbvias na segurança, pois com mais anos ficam mais perigosas, na produção de resíduos, já que será preciso gerir 50% mais do que os previstos, e na necessidade de urânio, o que obrigará a abrir novas minas, como a de Retortillo (Salamanca). Com esta opção, o governo espanhol alimenta os interesses de alguns, prejudicando a maioria da cidadania.

O problema é que as decisões sobre a energia nuclear não deveriam ser tomadas no quadro de um só país, dado que os seus impactos podem propagar-se a centenas de quilómetros de distância e afetar outros países, que não se pronunciaram sobre o tema. É o caso de Portugal que, tendo renunciado à energia nuclear, poderá sofrer os efeitos de possíveis fugas radioativas da central nuclear de Almaraz (Cáceres), especialmente através do rio Tejo, e da mina de urânio de Retortillo, que poderá contaminar o rio Douro em caso de fuga.

O Movimento Ibérico Antinuclear nasceu com o objetivo de acabar com a ameaça nuclear sobre Espanha e Portugal e pretende, portanto, conseguir o encerramento escalonado das centrais espanholas, começando por Almaraz, e a suspensão definitiva do projeto da mina de urânio de Retortillo.

Artigo de Francisco Castejón (coordenador do Movimento Ibérico Antinuclear), que participará no debate “O Conflito sobre Almaraz, Retortillo e a transição energética”, com Pedro Soares, no Fórum Socialismo 2017. O debate será sábado 26 de agosto, às 10h na Sala 1.

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