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Nas ruas contra a austeridade

No final de 2010, mais de 150 mil pessoas encheram as ruas de Dublin em protesto contra as medidas de austeridade. Um ano depois, e com um novo governo, a Irlanda continua a ser palco de inúmeras iniciativas que espelham o descontentamento da população face à imposição de novos cortes orçamentais e ao encarecimento do custo de vida.

Em 27 de novembro de 2010, a manifestação convocada pelo Congresso de Sindicatos Irlandeses (ICTU) reuniu perto de 150.000 pessoas em Dublin, sendo que o protesto promovido pelos estudantes, de 3 de novembro, já teria contado, segundo a União dos Estudantes da Irlanda, com mais de 40.000 participantes.

Apesar de as eleições de fevereiro de 2011 se terem traduzido na alteração do executivo, agora constituído por membros da coligação Fine Gail/Partido Trabalhista, a receita de austeridade e de ataque ao trabalho e aos direitos sociais mantém-se.

Nas ruas, a população da Irlanda também continua a manifestar o seu repúdio por estas políticas que, além de se traduzirem na deterioração das condições de vida dos cidadãos, empurram o país para a recessão e condicionam o crescimento económico da Irlanda.

A 16 de fevereiro, cerca de 3 mil estudantes de enfermagem saíram às ruas de Dublin a partir de toda a Irlanda para protestar contra os cortes salariais no setor.

Em abril de 2011, foi fundada a Enough Campaign (Campanha Basta), na qual participam organizações políticas, deputados, sindicatos, movimentos sociais, independentes.

Estes cidadãos exigem respeito pelos seus direitos democráticos, reivindicam um referendo sobre o acordo UE/FMI para que o povo possa decidir democraticamente, e opõem-se ao pagamento das dívidas de banqueiros e especuladores.

A Enough Campaign já organizou várias iniciativas desde a sua fundação, entre as quais, marchas de protesto contra o programa de austeridade da UE-FMI, em julho e outubro deste ano.

Em 8 outubro foi criado o movimento Occupy Dame Street, inspirado no movimento americano Occupy Wall Street. Trata-se de um movimento apartidário que ocupou a praça em frente ao Banco Central em Dublin durante várias semanas, participou na marcha internacional de 15 de Outubro e promoveu a invasão pacífica de várias sucursais bancárias.

Em 9 de novembro, membros da Associação Nacional das Viúvas da Irlanda concentraram-se em frente ao parlamento em Dublin para protestar contra as políticas de austeridade promovidas pelo governo Fine Gail/Partido trabalhista.

Em 16 de novembro, milhares de estudantes do ensino superior ocuparam as ruas de Dublin, entoando cânticos como “No if, no buts, no IMF cuts” (Não se's, não mas, não aos cortes do FMI) em protesto contra os cortes orçamentais na área do ensino e o aumento exponencial do valor das propinas.

Em 26 de novembro, por sua vez, realizou-se, em Dublin, uma Marcha Contra a Austeridade apoiada pelas estruturas sindicais ICTU, SIPTU, Unite, Mandate e pelas organizações políticas United Left Alliance, Sinn Féin, deputados independentes, e vários movimentos sociais.

Da convocação desta marcha surgiu a criação do coletivo Aliança contra a Austeridade (Alliance Against Austerity) que organizará assembleias populares por vários pontos do país, de forma a alimentar um movimento de massas que lute pela criação de emprego e pelo fim do ataque contra o Estado Social.

Em 6 de dezembro, a Aliança contra a Austeridade promoveu uma concentração em frente do parlamento.

Estas foram algumas das iniciativas promovidas ao longo deste ano. A imposição de um novo orçamento que propõe um "pouco do mesmo" - mais austeridade - ditará a permanência dos irlandeses na rua e o crescimento da contestação social.

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Neste dossier:

Irlanda: o fracasso da austeridade

Em fevereiro, o governo do Fiánna Fail foi substituído por uma coligação Fine Gail / Partido Trabalhista. Esta ‘mudança de cadeiras’ não veio, contudo, a traduzir-se numa verdadeira mudança de políticas. A receita da austeridade, que já deu provas evidentes do seu falhanço, continua a ser aplicada como solução mágica para a crise. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

Compreender a crise económica da Irlanda

Para melhor compreender a profundidade e gravidade da crise atual temos de situar a economia da Irlanda dentro do desenvolvimento mais amplo do capitalismo Europeu após a Segunda Guerra Mundial. Artigo de Brian O’ Boyle.

Quando resistirão os trabalhadores irlandeses?

Apesar de ataques em massa durante os três últimos anos, os trabalhadores irlandeses têm ainda de resistir em números maciços como se viu noutros países. Entrevista conduzida pelo Socialist Workers a Kieran Allen, secretário nacional do SWP. 

Irlanda: É oficial - a austeridade não está a funcionar

As estimativas do Livro Branco do Departamento de Finanças irlandês para o Orçamento de 2012 tornam a sua leitura desagradável. O que elas mostram é que, mesmo nos termos do próprio governo, a política de imposição de "austeridade" é um fracasso. Artigo de Michael Burke.

Irlanda: OE’2012 – ataque ao trabalho e aos direitos sociais

As famílias mais pobres, que representam 40% da população, são as mais afetadas pelas medidas de austeridade propostas no OE’2012 irlandês, sofrendo um corte nos seus rendimentos de 2,5%. Crianças e famílias monoparentais são as mais atingidas. Governo quer também poupar em salários e subsídio de desemprego.

Crise da Dívida da Irlanda: Origens e Reações

O preço social a pagar é catastrófico. As políticas de austeridade estão a colocar a economia num colapso. O desemprego é de quase 15%. A emigração atinge um valor estimado de 40.000 por ano. Por Andy Storey da Action From Ireland.

Nas ruas contra a austeridade

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Irlanda: as Esquerdas e a austeridade

O Sinn Féin e a United Left Alliance acusam o novo governo de seguir e intensificar as políticas neoliberais já levadas a cabo pelo anterior executivo do Fiánna Fail. Ambos os partidos realçam que as políticas de austeridade têm-se revelado um “fracasso total”. 

Irlanda: as coisas estão a piorar, não a melhorar

As previsões tanto para o défice como para o nível da dívida têm piorado desde Abril. Há um ano atrás, a projecção relativa ao nível da dívida para 2014 era de 85,5% do PIB. Agora, a projecção aponta para 117% do PIB. Artigo de Michael Burke.