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Liberdade para os presos políticos angolanos

Publicamos este dossier no dia em que se realizam vigílias de solidariedade com Luaty Beirão, que completou um mês de greve de fome, e com os presos políticos angolanos. Abordamos apenas a situação das 17 pessoas acusadas da “prática de rebelião” e de “atentado contra o Presidente da República”, 15 das quais se encontram detidas desde 20 de junho. Dossier organizado por Carlos Santos.

A prisão destes ativistas, muito deles com diversas prisões e espancamentos por parte da polícia e das forças de segurança, vem no seguimento de diversas ações repressivas por parte do regime angolano, que sempre temeroso proíbe qualquer manifestação, que não seja organizada pelo partido do governo.

Sobretudo desde 2011 e da chamada Primavera Árabe, José Eduardo dos Santos, há 36 anos presidente, parece viver perante o pavor de que um movimento de caraterísticas semelhantes se desenvolva em Angola. Perante as crescentes reivindicações de Liberdade por parte da juventude angolana, o regime aumenta a repressão.

O regime assenta no poder presidencial e dos generais e no controle da economia de que os mesmos e as suas respetivas famílias se apoderaram – não é por acaso que Isabel dos Santos, filha do presidente angolano, é a mulher mais rica de África e uma das pessoas mais ricas do mundo inteiro. E face à riqueza crescente desta elite mantém-se a miséria da maioria do povo angolano. É esta contradição absurda e crescente que leva o poder a procurar abafar e esmagar todos os protestos e as reivindicações de Liberdade. É também o peso económico desta elite que leva outros países e governos a calarem-se, perante a situação que se vive em Angola. O comportamento do Governo português, calado e reverente ao governo angolano, tem por base a submissão aos capitais e, naturalmente, um reduzido apego à defesa da Liberdade, que muito pouco afeta Passos Coelho, Paulo Portas e Cavaco Silva.

Os jovens presos e acusado/as têm sido das pessoas mais ativas na luta pelas Liberdades e pela Democracia em Angola.

Por isso, procuramos dar a conhecer Quem são os ativistas presos desde 20 de junho e as acusadas que não estão detidas e quem é Luaty Beirão, um herói angolano. Divulgamos também dois textos de jovens presos, Incitação à guerra ou à destruição da ditadura? de Nuno Álvaro Dala e Economia de resistência à tirania de Domingos da Cruz, a reportagem de apublica.org É proibido falar em Angola e um vídeo de 2011 com Manifestantes a clamar por Liberdade. Para além deste dossier, pode aceder a todas as notícias do esquerda.net sobre a repressão em Angola e as ações de solidariedade com os presos políticos.

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Neste dossier:

Liberdade para os presos políticos angolanos

Publicamos este dossier no dia em que se realizam vigílias de solidariedade com Luaty Beirão, que completou um mês de greve de fome, e com os presos políticos angolanos. Abordamos apenas a situação das 17 pessoas acusadas da “prática de rebelião” e de “atentado contra o Presidente da República”, 15 das quais se encontram detidas desde 20 de junho. Dossier organizado por Carlos Santos.

Quem são os ativistas presos desde 20 de junho e as acusadas que não estão detidas

Os ativistas, que foram presos quando discutiam um livro sobre métodos pacíficos de protesto, são acusados de “crime de atos preparatórios para a prática de rebelião (…) e atentado contra o Presidente da República ou outros membros de Órgãos de Soberania”. A acusação foi contra 17 pessoas, das quais 15 estiveram em prisão preventiva e duas – ambas mulheres - em liberdade provisória. Quem são as pessoas acusadas? Por Carlos Santos

Ikonoklasta (Luaty Beirão)

Luaty Beirão, um herói angolano

Considera-se um “kamikaze angolano” com uma missão: enfrentar o regime ditatorial do presidente José Eduardo dos Santos. Para isso, usa a sua música e aposta na mobilização da juventude angolana. Preso, com outras 14 pessoas, sob a acusação absurda de preparar um golpe de Estado, usou a greve de fome para obter o direito de aguardar o julgamento em liberdade. Aconteça o que acontecer, ele já é um herói do povo angolano. Esta é a sua história. Por Luis Leiria.

Incitação à guerra ou à destruição da ditadura?

Em Angola, os discursos que advogam a mudança por via da revolta popular são considerados meios de incitação à guerra. Será assim? Defender que o povo deve sair à rua para derrubar o regime é incitamento à guerra? Por Nuno Álvaro Dala

Economia de resistência à tirania

Os democratas não podem perder de vista que tal como o Direito faz parte da engenharia de opressão, o sistema económico e financeiro oficial é igualmente uma ferramenta para manter o poder em contextos de ditadura. A partida todo militante pro-democracia é posto deliberadamente fora da estrutura de oportunidade proporcionada pela economia e finanças oficial e formal sob tutela do tirano. Por Domingos da Cruz

É proibido falar em Angola

A incrível história dos rappers acusados de tramar um golpe de Estado pelo governo de José Eduardo dos Santos. Um deles corre risco de vida após passar 85 dias na solitária. Artigo de Eliza Capai e Natalia Viana, publicado em apublica.org.

Vídeo de Manifestantes a clamar por Liberdade

Neste vídeo de 2011, manifestantes gritam “Liberdade” e “O povo unido jamais será vencido” junto ao Tribunal onde estavam a ser julgados, em julgamento sumário e à porta fechada no Tribunal de Polícia de Luanda 21 jovens detidos numa manifestação que pedia a destituição de José Eduardo dos Santos e foi reprimida pela polícia angolana alguns dias antes.