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Irlanda: as coisas estão a piorar, não a melhorar

As previsões tanto para o défice como para o nível da dívida têm piorado desde Abril. Há um ano atrás, a projecção relativa ao nível da dívida para 2014 era de 85,5% do PIB. Agora, a projecção aponta para 117% do PIB. Artigo de Michael Burke.

A Declaração Fiscal de Médio Prazo (DFMP) do governo inclui uma série de previsões. Estas mostram as projecções tanto para o défice como para o nível da dívida. Isto apesar do facto de que o Estado ter encontrado € 3,6 mil milhões, o equivalente a 2,3% do PIB, num erro de contabilidade no Agência de Administração do Tesouro Nacional.


Primeiro, aqui está uma tabela com a previsão geral em Abril do Pacto de Estabilidade e Crescimento.


Aqui está a mesma secção na DFMP de sexta-feira.

 


Depois de 2013 todos os níveis de endividamento são mais elevados. Em todos os anos, com excepção do próximo, as previsões apontam para níveis de défice mais elevados. É de realçar que é esperado que o défice para este ano seja de 10,3%, quando em Abril se esperava que o mesmo não ultrapassasse os 10%.

A tendência é para que as coisas continuem a piorar. Menos de um ano atrás, as previsões eram muito mais optimistas. A tabela abaixo é tirada da Nota de Informação sobre as perspectivas económicas e orçamentais 2011-2014 emitido pelo Departamento de Finanças irlandês de Novembro de 2010.

 

 

Estas previsões só esticam até 2014. A previsão central para o défice para 2014 foi, nessa altura, de

2,8%. Na DFMP mais recente é de 5%. Há um ano atrás, a projecção relativa ao nível da dívida para 2014 era de 85,5% do PIB. Agora, a projecção aponta para 117% do PIB. O pior nível de dívida previsto era de 106% do PIB em 2012. No DFMP de sexta-feira este é agora o ponto de partida para a dívida deste ano – e o perfil é de aumento em três anos.

Assim, depois de toda a miséria, as previsões para o défice estão a piorar. E qual foi o pior cenário para a dívida é agora o ponto de partida a partir do qual a dívida ainda poderá deteriorar-se. Mesmo nos seus próprios termos, a "austeridade" não está a funcionar.

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Neste dossier:

Irlanda: o fracasso da austeridade

Em fevereiro, o governo do Fiánna Fail foi substituído por uma coligação Fine Gail / Partido Trabalhista. Esta ‘mudança de cadeiras’ não veio, contudo, a traduzir-se numa verdadeira mudança de políticas. A receita da austeridade, que já deu provas evidentes do seu falhanço, continua a ser aplicada como solução mágica para a crise. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

Compreender a crise económica da Irlanda

Para melhor compreender a profundidade e gravidade da crise atual temos de situar a economia da Irlanda dentro do desenvolvimento mais amplo do capitalismo Europeu após a Segunda Guerra Mundial. Artigo de Brian O’ Boyle.

Quando resistirão os trabalhadores irlandeses?

Apesar de ataques em massa durante os três últimos anos, os trabalhadores irlandeses têm ainda de resistir em números maciços como se viu noutros países. Entrevista conduzida pelo Socialist Workers a Kieran Allen, secretário nacional do SWP. 

Irlanda: É oficial - a austeridade não está a funcionar

As estimativas do Livro Branco do Departamento de Finanças irlandês para o Orçamento de 2012 tornam a sua leitura desagradável. O que elas mostram é que, mesmo nos termos do próprio governo, a política de imposição de "austeridade" é um fracasso. Artigo de Michael Burke.

Irlanda: OE’2012 – ataque ao trabalho e aos direitos sociais

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Crise da Dívida da Irlanda: Origens e Reações

O preço social a pagar é catastrófico. As políticas de austeridade estão a colocar a economia num colapso. O desemprego é de quase 15%. A emigração atinge um valor estimado de 40.000 por ano. Por Andy Storey da Action From Ireland.

Nas ruas contra a austeridade

No final de 2010, mais de 150 mil pessoas encheram as ruas de Dublin em protesto contra as medidas de austeridade. Um ano depois, e com um novo governo, a Irlanda continua a ser palco de inúmeras iniciativas que espelham o descontentamento da população face à imposição de novos cortes orçamentais e ao encarecimento do custo de vida. 

Irlanda: as Esquerdas e a austeridade

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