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Grécia: Grave deterioração da saúde pública provocada pela política de austeridade

Os cortes provocados pela política de austeridade imposta pela troika estão a levar a uma grave deterioração da saúde pública na Grécia, segundo um novo estudo publicado pelo American Journal of Public Health. Explosão de suicídios e homicídios, aumento do número de casos de doenças mentais, de abuso de droga e de doenças infecciosas, nomeadamente VIH/Sida, são alguns dados referidos pelo estudo.

Foi divulgado, em abril, um novo estudo no American Journal of Public Health sobre a situação da saúde pública na Grécia.

“Esperávamos que as medidas de austeridade tivessem efeitos negativos nos serviços de saúde e na saúde pública, mas o impacto foi muito mais grave do que pensávamos”, diz Elias Kondilis, investigador na Universidade Aristóteles e principal autor do estudo.

Segundo o documento, a taxa de mortalidade resultante de suicídios e de homicídios aumentou 22,7 por cento e 27,6 por cento, respetivamente, de 2007 a 2009, esse aumento verificou-se sobretudo entre os homens.

O relatório teve por base as estatísticas oficiais e salienta que houve um aumento significativo do número de casos de doença, coincidindo com um aumento do desemprego (que passou de 7,2% em 2008 para 22,6% no início de 2012). A política de austeridade imposta pela troika levou ainda ao corte drástico nos serviços de saúde pública, tendo o orçamento do Ministério da Saúde baixado 23,7 por cento de 2009 a 2011 e tem continuado a sofrer novos cortes, posteriormente.

Os autores do estudo sublinham que quando se corta nos programas de troca de seringas para os toxicodependentes e na distribuição de preservativos, o risco de contrair o vírus da SIDA aumenta. Os novos casos de infeção por VIH (vírus da imunodeficiência humana) aumentaram 57 por cento (de 607 para 954) de 2010 para 2011.

Os investigadores alertam para os efeitos nocivos sobre a saúde pública que a política de cortes nos serviços públicos poderá causar noutros países europeus e nos Estados Unidos.

“As preocupações vão muito para além da Grécia e este tipo de políticas, no nosso ponto de vista, são muito perigosas para a saúde pública”, declarou Howard Waitzkin, professor na Universidade do Novo México e coautor do estudo.

“A política dos cortes orçamentais propostos atualmente (…) terá os mesmos efeitos devastadores sobre os serviços de saúde e na saúde pública nos Estados Unidos”, frisou.

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Neste dossier:

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Grécia proíbe greve dos professores e ameaça prender grevistas

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