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Governo aconselha jovens e professores a sair do país
As declarações de Passos Coelho ao Correio da Manhã têm o antecedente do seu secretário de Estado de Juventude, que em visita à comunidade portuguesa em São Paulo, incentivou os jovens desempregados a saírem do país. “Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras”, defendeu Alexandre Miguel Mestre no fim de outubro.
Desta vez, o primeiro-ministro recorreu a um argumento semelhante, referindo-se aos professores que ficaram sem emprego por causa das medidas deste Governo que aumentou o número de alunos por turma. Para Passos Coelho, estes desempregados, "querendo manter-se sobretudo como professores, podem olhar para todo o mercado da língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa". “Em Angola e não só. O Brasil tem também uma grande necessidade ao nível do ensino básico e secundário”, acrescentou.
A resposta a Passos Coelho veio imediatamente por parte de Mário Nogueira, da Fenprof, que aconselhou o governante a seguir o seu próprio conselho. Dias mais tarde, um grupo de professores juntou-se em frente à residência oficial do primeiro-ministro para lhe devolver o convite.
O Bloco de Esquerda também reagiu pela voz do dirigente José Gusmão, ao afirmar que "Passos Coelho tem uma mensagem tão direta quanto brutal a todos os portugueses: o último a sair que apague a luz" e acrescentou que ainda falta saber "quem será o próximo conjunto de portugueses a quem o Governo apontará a porta da rua".
Nas redes sociais multiplicaram-se as reações de escândalo com as palavras do primeiro-ministro e uma Carta Aberta da autoria de Myriam Zaluar, jornalista desempregada e ativista contra a precariedade, já foi partilhada por dezenas de milhares de pessoas.
"No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca", conclui Myriam Zaluar.
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